segunda-feira, 11 de abril de 2011

"A Vila": analogia ou não de "O Mito da Caverna"?

O filme intitulado “A Vila” retrata a história de uma população que vive em um vilarejo isolado por uma floresta, com o intuito de afastá-lo da cidade. Este propósito parte dos anciões que, tendo vivido anteriormente traumas ocasionados pela violência na cidade, sabem os males que esta possui. Para tanto, eles criam este lugar afastado de outras habitações a fim de protegerem-se e suas famílias dos perigos urbanos. Porém, quando um crime ocorre no vilarejo o líder autoriza sua filha Ivy ir até a cidade para buscar remédios para o ferido, seu amor Lucius Hunt.

No “O Mito da Caverna” Platão conta a história de um prisioneiro libertado da caverna que pode ver a luz do Sol, os objetos (não mais apenas as sombras como antes), o céu, a Lua. O filósofo faz desta história uma alegoria para a questão do pensamento, do “mundo inteligível”, comparando as sensações do prisioneiro liberto às de uma pessoa que conseguiria raciocinar, que fosse além do que está exposto, no caso alegórico as sombras dos objetos na caverna. E acerca desta questão ele debate as ciências, baseadas no raciocínio, necessárias ao homem para que ele se torne um “guerreiro”, ou seja, aquele que pratica o Bem, que mantém a cidade como um local justo. Esta é a utopia de Platão acerca do Estado, que ele possua habitantes eficientes para manter a ordem, algo aclamado em seu livro: “A República”.

Comparando essas duas criações (o filme e o texto VII do livro “A República) há certas similitudes e diferenças. O vilarejo por ser um local isolado de outras habitações e percepções pode ser comparado à caverna, onde há uma ilusão ótica das imagens. Ou seja, nesses dois locais há uma deturpação da realidade, seja no primeiro criado pelos anciões ou no segundo com a visão apenas de sombras dos objeto externos à caverna. Assim como é notória a diferença das visões dos anciões e dos habitantes do vilarejo, e a diferença entre o pensamento do prisioneiro liberto da caverna e do que está aprisionado, segundo Platão. Afinal, apenas uma parcela da população de ambos os ambientes conhece o "externo", podendo auferir pensamentos acerca da diferença entre os locais.

Entretanto, é perceptível a diferença entre os ambientes externos retratados pelo filme e pelo texto: o primeiro demonstra a cidade como um local ruim, violento, habitado por pessoas interesseiras; o segundo descreve o meio externo como um local que possui “luz”, que está longe da “escuridão”, aliás, Platão idealiza a cidade apesar de saber das suas deficiências.

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