quinta-feira, 16 de junho de 2011

Relação entre política, democracia e redes sociais! (Noemi Alcantara)

Redes sociais, a ferramenta escolhida pela Islândia para criar uma nova Constituição

por Joana Azevedo Viana, Publicado em 16 de Junho de 2011

Analistas apontam riscos de usar a internet num processo tão "complexo"

Uma Constituição colaborativa e que espelhe as vontades da população islandesa é a premissa que levou o Conselho Constitucional - formado por 25 islandeses sem filiação partidária, eleitos depois do aval da Coligação que governa o país actualmente - a criar uma página de Facebook, onde os islandeses podem acompanhar a evolução das alterações à Constituição actual, bem como sugerir cláusulas para o documento.

Para além da página do Facebook, foi criado um perfil no Twitter, uma página no YouTube e uma conta no Flickr, para estimular a população a participar na redacção do documento que, até ao final do ano, deverá substituir o actual, datado de 1944. Todos os cidadãos do país podem ainda participar na preparação da nova Constituição até ao fim deste mês, precisando apenas de dar o nome e endereço de e-mail para isso. Os comentários e sugestões publicados nas páginas são filtrados por um moderador antes de serem publicadas. Mas nem isto relaxa os analistas contactados pelos média, que vêem riscos na utilização das redes sociais para algo tão importante como a criação de uma nova Constituição nacional.

Tiago Peixoto, que dirige o Centro de Democracia Electrónica da Universidade de Zurique e que é reconhecido como um dos maiores especialistas em governação com participação digital, reagiu na revista "Fast Company", sublinhando que até as pessoas com graus académicos superiores têm dificuldades em entender as legislações e a forma como estão redigidas. "E num processo constitucional isto torna-se ainda mais difícil", sublinha o analista brasileiro, que fala de uma experiência semelhante no Brasil. "A experiência de wiki-legislação pelo governo brasileiro foi o mais perto que o mundo esteve de tornar realidade a democracia legislativa online."

O caso da Islândia, contudo, é diferente. A nova Constituição não está a ser escrita na Wikipedia e as páginas criadas servem apenas para recolher o feedback dos cidadãos. O Conselho garante que a iniciativa está a correr bem, ainda que (como aponta Peixoto), o número de visitas continue reduzido tendo em conta que o país tem 320 mil cidadãos. Segundo Thorvaldur Gylfason, membro do CC, "o público adicionou muito ao nosso debate. Os comentários têm sido bastante úteis e têm tido um efeito positivo nos resultados."

Fonte: http://migre.me/54i1B

quinta-feira, 5 de maio de 2011

segunda-feira, 2 de maio de 2011

"O Príncipe" e o "Ajuste Final"

Ao analisar o livro “O Príncipe”, de Maquiavel, e o filme “Ajuste Final” (Miller's Crossing), dos irmãos Coen, é possível traçar uma linha com inúmeros pontos de semelhanças e analogias.

No livro, Maquiavel faz o papel de conselheiro do príncipe no filme, Tom Ragen, personagem central da trama, é visto como um “homem de confiança”, capaz de olhar, analisar e perceber os fatos por diversos ângulos, portanto, um indivíduo ao qual muitos (de mafiosos à policiais) recorrem para obter conselhos, orientações. O foco do livro gira em torno da questão de como conquistar e manter o poder, arte que Tom mostra conhecer muito bem, no filme. Maquiavel escreveu que “um príncipe deve estimar os grandes, mas não se fazer odiado pelo povo” (capítulo XIX), frase que se aplica à diversos atos de Tom, que possui amizade com políticos, policiais, mafiosos poderosos mas também não deixa de dar atenção ao barman do restaurante, por exemplo. Ao ler capítulo XVII, em que Maquiavel discorre sobre “se é melhor ser amado que temido, ou antes temido que amado”, vemos muito de Tom e sua maneira de exercer o poder perante os outros personagens, agindo racionalmente. Maquiavel coloca o conceito de que para governar perfeitamente é necessário que o príncipe consiga ser raposa (ágil, inteligente) e leão (brutal), porém Tom se coloca durante toda a narrativa apenas como raposa, não conseguindo ser leão, ou seja, não conseguindo matar Bernie naquele primeiro momento. Com o decorrer da história, ao final do filme Tom adquire a brutalidade necessária, torna-se leão e consegue executar seu plano feito com mente de raposa e brutalidade de felino.

Assim, vemos que Tom possui tanto as características do conselheiro (auxiliando, dando orientações àqueles homens poderosos e que acreditam em suas palavras, como Leo e Caspar) como do príncipe ideal, descrito por Maquiavel. Portanto, na narrativa fílmica temos um personagem que pode ser comparado tanto ao conselheiro quanto ao príncipe.

A tirania do poder

Sobre a obra de maquiavel vale ressaltar sua definição de Estado: "...todos os governos que tiveram e têm autoridade sobre o

s homens...e são ou repúblicas ou principados..."(cap. I).Em seguida, o autor propõe-se a examiná-los com profundidade, de acordo com suas características, inicialmente os hereditários e os mistos. Sobre estes, é interessante ressaltar de sua análise que estes são os menos tangíveis de dominação por parte de um usurpador qualquer e também os de maior capacidade de conservação de poder, devido a força existente no comando de um príncipe de uma linhagem de comando já tradicional. Para isso ele aponta algumas soluções, tais como: eliminação da linhagem de nobres que os dominava e não alteração da organização de leis e impostos preexistente, instalação de colônias ou a mudança do novo dominador para o local conquistado.

Sobre o filme, é interessante correlacionar o fato da imposição do respeito aos inimigos ser adquirida na base do medo, em meio a uma guerra de pólos de poder dos grupos gangster, Tom Regan, conselheiro de um chefão do crime nos anos da Lei Seca, tenta manter a paz entre famílias mafiosas rivais, mas se vê envolvido numa trama em que nada é exatamente o que parece ser. Na mesma linha de pensamento do livro, o filme nos mostra que em relações de poder não há confiança, o interesse político se sobrepõe aos valores emocionais, onde ser temido é ter poder.


Por Bruno Rocha

O império do Poder




Miller’s Crossing – Joel e Ethan Coen – 1990 (DVD)

- Acorde, Tommy.
- Estou acordado.
- Seus olhos estão fechados.
- Em quem vai acreditar?

O filme conta a história que se passa em 1929, onde o chefão do crime organizado rompe relações com seu principal auxiliar quando descobre que sua mulher o traiu com ele e passa a trabalhar para o seu maior rival. Retrata um confronto de raças e ambições entre italianos, judeus e irlandeses, que desencadeiam uma guerra por poder, dinheiro e convicções. Da mesma maneira em que no livro “ o príncipe” de Maquiavel o “ ser temido” é mais valorizado do que “ser amado”, este livro que sugere a famosa expressão os fins justificam os meios, significando que não importa o que o governante faça em seus domínios, desde que seja para manter-se como autoridade, entretanto a expressão não se encontra no texto, mas tornou-se uma interpretação tradicional do pensamento maquiavélico.

Nesta obra, Maquiavel defende a centralização do poder político e não propriamente o absolutismo (como muitos pensam). Suas considerações e recomendações aos governantes sobre a melhor maneira de administrar o governo caracterizam a obra como uma teoria do Estado moderno.


Por David Barenco

O Príncipe Tom Ragen

Em "O Príncipe" Maquiavel declara que a natureza humana é ruim, que os homens são egoístas e atentam para seus interesses individuais. Tendo isto em consideração o autor passa a analisar toda a conjuntura do Estado e de como ele deve ser governado pelo seu chefe: o príncipe. Este conteúdo está presente dentro de alguns tópicos, os quais têm como objetivo salientar ações positivas e negativas de um governante, no intuito de orientá-lo para que ele consiga prosperidade como soberano.
No filme "Ajuste Final" há um personagem que possui características descritas por Maquiavel para que um homem possa ser um bom e eficiente príncipe. Este é Tom Ragen que, apesar de não ser o soberano da cidade a qual se passa a história, consegue articular tudo a seu favor e a de seus aliados de forma inteligente. O que ele faz é aparentar que está atuando em prol de um ou outro mafioso, quando na verdade tudo é articulado por ele para que consiga atingir objetivos próprios. O personagem convence os grandes mafiosos com suas ideias e percepções, "conquistando fama de grandeza e excelência" ("O Príncipe, cap. XXI).
Entretanto, ao longo do filme percebe-se que Tom não consegue exercer "força" sobre seus oponentes. Ou seja, segundo a analogia de Maquiavel o personagem apenas consegue atuar como uma raposa, sendo sagaz, inteligente, faltando as características de um leão que age com brutalidade. Afinal, segundo o autor para dominar a situação é necessário que o príncipe consiga agir das duas maneiras: como um leão e como uma rapousa. É no final do filme, no entanto, que Ragen percebe a necessidade da força bruta em ação conjunta com a sagacidade, ao matar o oportunista Bernie, já que sua vida prejudicaria os planos de Tom.
Regan faz alianças com os poderosos, pois são estes que lhe financiarão e o prestigiarão, não esquecendo a ajuda dos inferiores, como a do barmen da casa de festa do mafioso Leo que lhe fornece informações assim como tem por ele certo apreço, demonstrando preocupação com a demora de Tom para pagar sua dívida. Isto é exatamente o que Maquiavel defende em uma parte de seu texto, que o príncipe deve se apoiar nos fortes sem esquecer dos menores, afinal estes poderiam ajudar ou até mesmo rebelar-se contra seu soberano, conforme sua atitude perante esses indivíduos.
É portanto perceptível as inúmeras semelhanças entro o governante que Maquiavel descreve como ideal com o personagem Tom Regan do filme "Ajuste Final". Afinal, os governantes retratados no filme são vistos como fracos, como subalternos dos mafiosos da cidade que têm como conselheiro Tom. Ou seja, a decisão final de uma possível ação na cidade acaba sendo desencadeda por uma ideia de Regan que os mafiosos e os governantes colocam em prática.


Ajuste com o príncipe...

o livro mostra a ideia de que se faça o príncipe de chefe e defensor dos mais fracos, e trate de enfraquecer os poderosos da própria província, e de salvaguardar-se para que não entre um estrangeiro tão poderoso quanto ele. Maquiavel fundamenta toda a sua teoria na história dos grandes homens e dos grandes feitos do passado, afirma que um príncipe deve seguir os passos desses homens poderosos, que alguma coisa sempre se aproveita. -O aspecto marcante de sua obra é quando são tratados os meios de se tornar príncipe, que podem ser dois: pelo valor ou pela fortuna. Entretanto ele adverte que aqueles que se tornaram príncipes pela fortuna tem muita dificuldade para se manter no poder. Porém, a fortuna e o valor não são as únicas formas de se tornar príncipe. Existem outras duas: pela maldade e por mercê do favor de seus conterrâneos. - É melhor ser amado ou temido? A resposta de Maquiavel é que o melhor é ser as duas coisas, mas como é difícil reunir ao mesmo tempo essas duas qualidades, é muito melhor ser temido do que amado, quando se tenha que falhar numa das duas.

Já o filme expressa uma visão complexa e gráfica da era dos gangster nos EUA. Ambientado nos dias desenfreados da Lei Seca, onde o que vale é ser temido por seus inimigos. Ajuste final exibe uma galeria de perigosos assassinos e capangas. Leo é um benevolente gangster irlandês e o líder politico que comanda o lado leste da cidade com a ajuda do anti-herói Tom, seu homem de confiança e conselheiro. Mas seu controle da cidade é desafiado por johnny casper. Apesar de que Tom tenta manter a paz, ele se desentende com Leo por causa de uma garota e se vê profundamente envolvido na guerra entre as gangues.

O texto e o filme seguem relacionados pela mesma temática, a de governar seu “territorio” deixando seus concorrentes com medo, para assim conseguir respeito e poder.


Por Viviane Laprovita Cardozo