O filme e o mito possuem diversos pontos
Seria igualmente um choque em ambas as situações se lhes fosse oferecida a oportunidade de visitar um mundo que antes nem mesmo desconfiavam haver. Num primeiro olhar provavelmente ficariam desacreditados e confusos, possivelmente até inconformados por terem vivido num universo tão recluso quando havia uma infinidade de coisas para ver e conhecer ou então simplesmente optassem por fugir por completo da complexidade que lhes fosse apresentada. No Mito da caverna, se pressupõe que um dos homens ali acorrentados encontra um meio de escapar, e depois de observar a nova realidade volta para a caverna e tenta descrever a seus companheiros sua própria experiência, não obtendo muito sucesso já que os outros não possuem referências sobre aquilo que ele tenta falar, conhecem apenas as sombras. O mesmo aconteceria se Ivy (a personagem cega do filme que vai até a cidade) tentasse explicar aos outros moradores da vila aquilo que vivenciou estando fora de sua zona de conforto, os outros talvez não acreditassem ou resolvessem ir conferir por eles mesmos essa outra realidade.
Tanto no mito quanto no filme é possível perceber que inocência e ignorância são ligadas de maneira fundamental, uma depende da outra para existir. É por esse motivo que os anciões não revelam a verdade aos mais jovens, por isso que os homens que haviam vivido na caverna desde sempre poderiam interpretar aquele que havia estado do lado de fora de forma errônea. Esse aprisionamento, seja na vila, seja na caverna, torna os indivíduos desprovidos de conhecimento, os enclausura intelectualmente, dificulta seu pensamento racional e torna fixa uma única forma de analisar o mundo. Ao se libertarem desse território demarcado, encontrariam também novas formas de pensar, novos pontos de vista a respeito das coisas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário