sábado, 23 de abril de 2011

Obrigado por argumentar [2]

A teoria da argumentação é concebida como "o estudo das técnicas discursivas que permitem provocar ou aumentar a adesão dos espíritos às teses que se lhes apresentam assentimento" (PERELMAN, 2005). É possível relacionar esta afirmativa a um trecho do filme "Obrigado Por Fumar" (Thank You For Smoking, 2006), onde Nicky Naylor, um lobista da indústria do cigarro, fala ao seu filho sobre seu trabalho, explicando que as pessoas são livres para escolher entre alternativas diferentes.

O exemplo dado é sopbre sabores de sorvete. Enquanto o filho defende que chocolate é o melhor, Naylor defende o de baunilha. O filho diz que não importa o que ele disser, não vai convencê-lo de que baunilha é melhor, então ele diz "Eu não preciso convencer você, preciso convencer eles (os demais)".
Com isto, Naylor ensina seu filho sobre o que é argumentação, que duas pessoas podem apresentar diferetes perspectivas sobre um ponto afim de convencer outras pessoas sobre suas convicções; e que não se trata de uma negociação, mas dentro de uma negociação, um bom argumento pode se sobressair e convencer os demais.
Na introdução do Tratado da Argumentação, Chaïm Perelman aborda a teoria da argumentação como uma retomada da retórica, da escola clássica grega. Ou, uma nova retórica, pois quebra com o paradigma estabelecido por Descartes, que dizia "toda as vezes que dois homens formulam sobre a mesma coisa um juízo contrário, é certo que um dos dois se engana".
Naylor tinha seus argumentos para defender a indústria do cigarro, à esta altura, já condenada pela Organização Mundial de Saúde, que apresentava fatos empíricos à sociedade sobre o mal que o cigarro pode trazer à vida de alguém. O argumento mais forte de Naylor é que as pessoas já sabem as consequências que o cigarro pode trazer, mas elas continuam livres para escolher, já que o cigarro não é a única fonte desses males.

Ass. Larissa Castanheira

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