segunda-feira, 25 de abril de 2011

"Obrigado por fumar" através do Tratado da Argumentação, por Thaís Brito

O tema abordado no filme “Obrigado por fumar” se relaciona diretamente com a argumentação. É tornando a mesma uma ferramenta que o protagonista, Nick Naylor, se utiliza para falar em defesa dos cigarros. Nick trabalha como porta-voz de uma fábrica de cigarros e tem como função criar argumentos nos quais tenta abrandar os males que podem ser causados pelo fumo. Em dado momento do filme, tal personagem ainda alega que o mais importante não seria convencer o adversário de que ele estaria certo, mas fazer com que o próprio adversário se percebesse errado. No texto de Perelman e Tyteca é dada ênfase na questão de que a argumentação se desenvolve de acordo com o público no qual se insere, dessa forma, é possível concluir que a interpretação dos argumentos seria variável de acordo com os ouvintes. Isso é perceptível até mesmo no filme, durante os discursos de Nick, há aqueles que acabam cedendo aos seus argumentos (que tem como intuito principal, como já dito, indicar os oponentes como errados) e também aqueles que relutam em acreditar no que é falado por ele.

No Tratado da Argumentação é falado também sobre o condicionamento que pode ocorrer na preparação do público para um determinado discurso. Esse condicionamento afetaria nitidamente no comportamento do público diante dos argumentos mostrados. No filme ocorre uma situação semelhante na qual Nick é seqüestrado e exposto a altas quantidades de nicotina, sua vida é “salva” devido a seu hábito de fumar, que caso não acontecesse teria o colocado em risco. O seqüestro acaba sendo cogitado como um meio de justificar os benefícios do fumo. Assim sendo, através do seqüestro se fortaleceriam os argumentos que consequentemente fariam ainda mais efeito em quem estivesse disposto a ouvi-los.

Além disso, no texto de Perelman e Tyteca fala-se sobre a distinção existente entre convencer e persuadir. Segundo eles, o convencimento seria racional e estaria diretamente ligado ao entendimento, já a persuasão seria irracional e atuaria diretamente sobre a vontade. Não é possível identificar no filme com precisão se o protagonista se utiliza apenas do convencimento ou da persuasão, mas de certo modo seus argumentos teriam apoio em ambos. A partir daí é possível falar até sobre certa manipulação do público por parte de Nick Naylor, que é retratado no fim do filme demonstrando para alguns homens como as palavras devem ser colocadas num discurso de modo que não sejam totalmente mentirosas e nem mesmo transpareçam a verdade de maneira muito óbvia, ao mesmo tempo permitindo passar certa credibilidade em sua fala a ponto de convencer e persuadir as pessoas.

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