terça-feira, 19 de abril de 2011

Resenha do GT8: sessão 2-a: "Jornalismo, Ética e escândalos políticos" por Luana Calazans

Entre os dias 13 e 15 de abril de 2011, aconteceu na UERJ a Compolítica, que teve várias mesas de discussão e grupos de trabalho, dentre esses, tive a oportunidade de assistir a somente um, o GT8: sessão a - “Jornalismo, Ética e escândalos políticos”. Neste GT foram apresentados 4 trabalhos abordando este tema.

O primeiro trabalho apresentado foi “A disputa pelo poder simbólico no escândalo do mensalão” por José Henrique P. e Silva, em seu trabalho ele afirma que fez a junção entre política e a mídia através da linguagem, pois tanto na mídia como Ana política a palavra tem um poder muito grande. Ele fala sobre o mensalão como um escândalo político-midiático e afirma que o jornal Folha de São Paulo teve um papel decisivo nesta época (como por exemplo, fazendo entrevistas exclusivas com Roberto Jefferson) . Henrique afirma também que na época do escândalo do mensalão, havia certo “diálogo” entre a Folha de São Paulo e os discursos de Lula, ocorrendo uma disputa simbólica entre eles. Durante sua apresentação o autor dividiu essa disputa em algumas fases, como se a estrutura deste escândalo fosse seqüencial. Henrique fala da diferença dos discursos da Folha de São Paulo e os de Lula, um falando que havia a necessidade de investigação e criação de uma CPI e o outro dizendo que a investigação já estava acontecendo e colocando tudo nas mãos da Polícia Federal (esta foi um tipo de suporte para o governo durante o escândalo). Ele percebe também que após algum tempo há uma mudança no discurso de Lula, que no final já está afirmando que “se tivermos que cortar qualquer carne, vamos cortar”, mas também ocorre uma mudança no discurso da Folha de São Paulo que agora coloca o ex-presidente e seu partido em um patamar de igualdade. O fim desta disputa simbólica ocorre quando a questão econômica entra na disputa e com as eleições da época tomando conta da mídia nacional.

O segundo trabalho foi “Escândalo político e os laços entre mídia e política no Brasil” de Pâmela Pinto, da UFF. Em seu trabalho, Pâmela fala sobre a cobertura midiática de 2 casos específicos, o Caso Lunus (2002) e os Atos secretos do senado (2009). O caso Lunus envolvia a família Sarney, mais especificamente Roseana Sarney que na época ia ser candidata à presidência do Brasil, e foi um caso onde durante uma busca foram encontrados R$: 1,34 milhões em seu escritório, mas a origem deste dinheiro não foi descoberta. Os Atos secretos do senado foram uma série de denúncias sobre a não publicação de vários administrativos, como contratações de parentes de senadores, extensão de planos de saúde e etc., um dos envolvidos era José Sarney. Pâmela trata da disparidade das manchetes de jornais neste período. Ela também coloca em pauta a relação entre Sarney e Roberto Marinho e a discussão da diferença entre o jornalismo central e o jornalismo regional. Nessa discussão entre Central X Local, Pâmela mostra as manchetes dos dois jornais na época dos dois escândalos, as do Jornal do Maranhão, ás vezes até falando que as do outro jornal eram inverdades. Isso mostra a defesa dos interesses de cada um na época. Isso mostra o papel que a mídia exerce no jogo de poder.

O terceiro trabalho foi “Um escândalo no senado: enquadramento de atos sigilosos e negociações no cenário político” de Neuma Augusta Dantas e Silva, da UFBA. Assim como Pâmela, Neuma escreveu seu trabalho sobre o escândalo no senado, em 2009. Neuma fala sobre as mensagens enviadas aos leitores através da mídia, menciona também os frames, que fala em seu texto que são caminhos para identificar os quadros numa reportagem. Neuma fala do papel da revista Veja neste escândalo, ela afirma que a revista tratou do tema com pouca amplitude do assunto, pois, como Pâmela também menciona, ela mantém uma defesa de interesses sobre o assunto abordado. Também vale mencionar que José Sarney após toda polêmica conseguiu ser eleito presidente do senado mais uma vez neste ano de 2011.

Durante as apresentações destes trabalhos percebi que todos tinham em comum a base em Thompson, eles falavam do escândalo em fases e alguns até citaram algumas frases de Thompson como defesa de seu ponto de vista. Henrique dividiu o escândalo em várias fases (pré-escândalo, escândalo e etc), Pâmela também menciona Thompson em seu trabalho e Neuma coloca em seu trabalho duas citações de Thompson para reforçar seu ponto de vista, uma é o conceito de escândalo para Thompson “Lutas pelo poder simbólico em que a reputação e a confiança estão em jogo” e uma frase que para Neuma ajudaria a entender a eleição de Sarney como presidente do senado novamente após o escândalo: “esvaziadores potenciais de reputação de indivíduos ou partidos políticos, entretanto, algumas pessoas podem emergir de um escândalo com suas reputações parcialmente intactas” (Thompson)

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