quinta-feira, 5 de maio de 2011

segunda-feira, 2 de maio de 2011

"O Príncipe" e o "Ajuste Final"

Ao analisar o livro “O Príncipe”, de Maquiavel, e o filme “Ajuste Final” (Miller's Crossing), dos irmãos Coen, é possível traçar uma linha com inúmeros pontos de semelhanças e analogias.

No livro, Maquiavel faz o papel de conselheiro do príncipe no filme, Tom Ragen, personagem central da trama, é visto como um “homem de confiança”, capaz de olhar, analisar e perceber os fatos por diversos ângulos, portanto, um indivíduo ao qual muitos (de mafiosos à policiais) recorrem para obter conselhos, orientações. O foco do livro gira em torno da questão de como conquistar e manter o poder, arte que Tom mostra conhecer muito bem, no filme. Maquiavel escreveu que “um príncipe deve estimar os grandes, mas não se fazer odiado pelo povo” (capítulo XIX), frase que se aplica à diversos atos de Tom, que possui amizade com políticos, policiais, mafiosos poderosos mas também não deixa de dar atenção ao barman do restaurante, por exemplo. Ao ler capítulo XVII, em que Maquiavel discorre sobre “se é melhor ser amado que temido, ou antes temido que amado”, vemos muito de Tom e sua maneira de exercer o poder perante os outros personagens, agindo racionalmente. Maquiavel coloca o conceito de que para governar perfeitamente é necessário que o príncipe consiga ser raposa (ágil, inteligente) e leão (brutal), porém Tom se coloca durante toda a narrativa apenas como raposa, não conseguindo ser leão, ou seja, não conseguindo matar Bernie naquele primeiro momento. Com o decorrer da história, ao final do filme Tom adquire a brutalidade necessária, torna-se leão e consegue executar seu plano feito com mente de raposa e brutalidade de felino.

Assim, vemos que Tom possui tanto as características do conselheiro (auxiliando, dando orientações àqueles homens poderosos e que acreditam em suas palavras, como Leo e Caspar) como do príncipe ideal, descrito por Maquiavel. Portanto, na narrativa fílmica temos um personagem que pode ser comparado tanto ao conselheiro quanto ao príncipe.

A tirania do poder

Sobre a obra de maquiavel vale ressaltar sua definição de Estado: "...todos os governos que tiveram e têm autoridade sobre o

s homens...e são ou repúblicas ou principados..."(cap. I).Em seguida, o autor propõe-se a examiná-los com profundidade, de acordo com suas características, inicialmente os hereditários e os mistos. Sobre estes, é interessante ressaltar de sua análise que estes são os menos tangíveis de dominação por parte de um usurpador qualquer e também os de maior capacidade de conservação de poder, devido a força existente no comando de um príncipe de uma linhagem de comando já tradicional. Para isso ele aponta algumas soluções, tais como: eliminação da linhagem de nobres que os dominava e não alteração da organização de leis e impostos preexistente, instalação de colônias ou a mudança do novo dominador para o local conquistado.

Sobre o filme, é interessante correlacionar o fato da imposição do respeito aos inimigos ser adquirida na base do medo, em meio a uma guerra de pólos de poder dos grupos gangster, Tom Regan, conselheiro de um chefão do crime nos anos da Lei Seca, tenta manter a paz entre famílias mafiosas rivais, mas se vê envolvido numa trama em que nada é exatamente o que parece ser. Na mesma linha de pensamento do livro, o filme nos mostra que em relações de poder não há confiança, o interesse político se sobrepõe aos valores emocionais, onde ser temido é ter poder.


Por Bruno Rocha

O império do Poder




Miller’s Crossing – Joel e Ethan Coen – 1990 (DVD)

- Acorde, Tommy.
- Estou acordado.
- Seus olhos estão fechados.
- Em quem vai acreditar?

O filme conta a história que se passa em 1929, onde o chefão do crime organizado rompe relações com seu principal auxiliar quando descobre que sua mulher o traiu com ele e passa a trabalhar para o seu maior rival. Retrata um confronto de raças e ambições entre italianos, judeus e irlandeses, que desencadeiam uma guerra por poder, dinheiro e convicções. Da mesma maneira em que no livro “ o príncipe” de Maquiavel o “ ser temido” é mais valorizado do que “ser amado”, este livro que sugere a famosa expressão os fins justificam os meios, significando que não importa o que o governante faça em seus domínios, desde que seja para manter-se como autoridade, entretanto a expressão não se encontra no texto, mas tornou-se uma interpretação tradicional do pensamento maquiavélico.

Nesta obra, Maquiavel defende a centralização do poder político e não propriamente o absolutismo (como muitos pensam). Suas considerações e recomendações aos governantes sobre a melhor maneira de administrar o governo caracterizam a obra como uma teoria do Estado moderno.


Por David Barenco

O Príncipe Tom Ragen

Em "O Príncipe" Maquiavel declara que a natureza humana é ruim, que os homens são egoístas e atentam para seus interesses individuais. Tendo isto em consideração o autor passa a analisar toda a conjuntura do Estado e de como ele deve ser governado pelo seu chefe: o príncipe. Este conteúdo está presente dentro de alguns tópicos, os quais têm como objetivo salientar ações positivas e negativas de um governante, no intuito de orientá-lo para que ele consiga prosperidade como soberano.
No filme "Ajuste Final" há um personagem que possui características descritas por Maquiavel para que um homem possa ser um bom e eficiente príncipe. Este é Tom Ragen que, apesar de não ser o soberano da cidade a qual se passa a história, consegue articular tudo a seu favor e a de seus aliados de forma inteligente. O que ele faz é aparentar que está atuando em prol de um ou outro mafioso, quando na verdade tudo é articulado por ele para que consiga atingir objetivos próprios. O personagem convence os grandes mafiosos com suas ideias e percepções, "conquistando fama de grandeza e excelência" ("O Príncipe, cap. XXI).
Entretanto, ao longo do filme percebe-se que Tom não consegue exercer "força" sobre seus oponentes. Ou seja, segundo a analogia de Maquiavel o personagem apenas consegue atuar como uma raposa, sendo sagaz, inteligente, faltando as características de um leão que age com brutalidade. Afinal, segundo o autor para dominar a situação é necessário que o príncipe consiga agir das duas maneiras: como um leão e como uma rapousa. É no final do filme, no entanto, que Ragen percebe a necessidade da força bruta em ação conjunta com a sagacidade, ao matar o oportunista Bernie, já que sua vida prejudicaria os planos de Tom.
Regan faz alianças com os poderosos, pois são estes que lhe financiarão e o prestigiarão, não esquecendo a ajuda dos inferiores, como a do barmen da casa de festa do mafioso Leo que lhe fornece informações assim como tem por ele certo apreço, demonstrando preocupação com a demora de Tom para pagar sua dívida. Isto é exatamente o que Maquiavel defende em uma parte de seu texto, que o príncipe deve se apoiar nos fortes sem esquecer dos menores, afinal estes poderiam ajudar ou até mesmo rebelar-se contra seu soberano, conforme sua atitude perante esses indivíduos.
É portanto perceptível as inúmeras semelhanças entro o governante que Maquiavel descreve como ideal com o personagem Tom Regan do filme "Ajuste Final". Afinal, os governantes retratados no filme são vistos como fracos, como subalternos dos mafiosos da cidade que têm como conselheiro Tom. Ou seja, a decisão final de uma possível ação na cidade acaba sendo desencadeda por uma ideia de Regan que os mafiosos e os governantes colocam em prática.


Ajuste com o príncipe...

o livro mostra a ideia de que se faça o príncipe de chefe e defensor dos mais fracos, e trate de enfraquecer os poderosos da própria província, e de salvaguardar-se para que não entre um estrangeiro tão poderoso quanto ele. Maquiavel fundamenta toda a sua teoria na história dos grandes homens e dos grandes feitos do passado, afirma que um príncipe deve seguir os passos desses homens poderosos, que alguma coisa sempre se aproveita. -O aspecto marcante de sua obra é quando são tratados os meios de se tornar príncipe, que podem ser dois: pelo valor ou pela fortuna. Entretanto ele adverte que aqueles que se tornaram príncipes pela fortuna tem muita dificuldade para se manter no poder. Porém, a fortuna e o valor não são as únicas formas de se tornar príncipe. Existem outras duas: pela maldade e por mercê do favor de seus conterrâneos. - É melhor ser amado ou temido? A resposta de Maquiavel é que o melhor é ser as duas coisas, mas como é difícil reunir ao mesmo tempo essas duas qualidades, é muito melhor ser temido do que amado, quando se tenha que falhar numa das duas.

Já o filme expressa uma visão complexa e gráfica da era dos gangster nos EUA. Ambientado nos dias desenfreados da Lei Seca, onde o que vale é ser temido por seus inimigos. Ajuste final exibe uma galeria de perigosos assassinos e capangas. Leo é um benevolente gangster irlandês e o líder politico que comanda o lado leste da cidade com a ajuda do anti-herói Tom, seu homem de confiança e conselheiro. Mas seu controle da cidade é desafiado por johnny casper. Apesar de que Tom tenta manter a paz, ele se desentende com Leo por causa de uma garota e se vê profundamente envolvido na guerra entre as gangues.

O texto e o filme seguem relacionados pela mesma temática, a de governar seu “territorio” deixando seus concorrentes com medo, para assim conseguir respeito e poder.


Por Viviane Laprovita Cardozo

Analogia entre O príncipe de Maquiavel e o Filme Millers Crossers (Ajuste Final).

No filme Millers Crossers (Ajuste Final) conhecemos a história de Tom Reagan, um guarda costa de um mafioso chamado Leo que fornece bebidas ilegalmente na década de 30. Isso ocorre devido ao fato da Lei Seca implantada pelo governo norte americano na década de 30 do século XX. O personagem principal, Tom Reagan, vê sua situação se complicar ao entrar num triângulo amoroso com a namorada de seu chefe.

No livro O príncipe, Maquiavel nos mostra, por exemplo, como o líder de uma determinada região deve se comportar para manter-se o máximo de tempo no poder. Dentre as maneiras que o autor encontra para justificar uma maior permanência no poder, deve-se lidar com o respeito para com aqueles que o cercam. Visando preferencialmente ser temido a ser amado. Pois os maiores líderes que tiveram apoio, por exemplo de soldados e do povo, conseguiram obter essa façanha priorizando o medo à idolatração de seus súditos. Este fato também pode ser encontrado na película dos Irmãos Cohen, pois os mafiosos tem o respeito de seus subordinados em parte, devido ao medo que existe nesta relação de poder.

Conclui-se que embora o filme não tenha sido feito sobre a ótica precisa do livro de Maquiavel, traços como saber aconselhar e ouvir remetem a características encontradas no personagem de Gabriel Byrne. Pois este trabalha não só como segurança de um mafioso mas em muitas vezes como conselheiro. Apesar do filme ter sido lançado há aproximadamente 4 séculos antes do livro, a presente analogia é possivel de ser notada.


Alex Vieira Oliveira

Ajuste final e Nicolau Maquiavel por Marcela Gonçalves


O texto de Maquiavel - O Príncipe é uma espécie de manual de como os príncipes deveriam agir para com os súditos. Nicolau elenca características e virtudes que julga essencial para manter o Estado. Nos oferece vários exemplos antigos como o da Grécia, da República ou do Império Romano, para ilustrar e reforçar seus pontos de vista.
Uma dessas qualidades é a de “ser bom simulador e dissimulador” (página 110) desde que isto sirva as suas intenções. O que nos leva a comparar com o filme Ajuste Final dos irmãos Coen, onde o protagonista Tom Reagan age com dissimulação em algumas cenas para escapar de situações e para influências personagens diante de uma guerra cheia de traídos e traidores. Passa a flertar com os dois lados pra poder manter-se vive apesar de estar endividado.
Existem outras características que podemos comparar “O Príncipe” e o filme como, por exemplo, a reputação de generoso, destacada por Nicolau no capítulo XVI e encontrada no personagem Leo que em algumas cenas é caracterizada pela mulher que se relaciona de bom coração e benevolente e apesar de tudo era essa imagem que gostava de passar.
A severidade é característica do Johnny Casper e do capanga Eddie Dane. Podemos observar que boa parte dos principais personagens possui algumas qualidades citada no texto de Maquiavel e que não só supostamente eram usadas para uma boa monárquica, mas também para gangsters que queriam o controle da cidade e se manter no poder.

Relacionando o filme "Ajuste final" e "O Príncipe" de Maquiavel, por Thaís Brito

O filme Ajuste final se propõe a retratar um cenário de uma cidade em poder de gângsteres. Desse modo, é possível concluir de imediato que a situação apresentada não será das mais pacíficas retratadas em uma tela de cinema, muito pelo contrário, o filme acaba se desenvolvendo de maneira intensa e bastante violenta, acentuado pelo quadro de traições continuamente enfatizado. O protagonista, Tom Reagan, a princípio se apresenta como homem de confiança de Leo, um poderoso gângster que possui influência política de maneira notável. Devido a alguns acontecimentos, a aliança entre Tom e Leo é quebrada e Tom se encontra abordado pelo bookmaker Johnny Caspar que solicita seus serviços. Ficam em evidência os conflitos de interesses e as trocas de favores que no final das contas acabam por não beneficiar ninguém, já que Tom se encarrega de tapear praticamente todos com quem se envolve.

A obra de Maquiavel tem como finalidade esclarecer modos através dos quais é possível governar um Estado “corretamente”, a partir dos olhos do autor. Os capítulos propostos se focam basicamente em analisar o modo como os príncipes devem se comportar, e Maquiavel chega a ressaltar em vários momentos que uma das características essenciais aos príncipes seria a de não deixar transparecerem seus defeitos ou suas virtudes. O comportamento do príncipe estaria constantemente sujeito a mudanças, variando de acordo com qual lhe é conveniente em cada momento, o que pode levá-lo até mesmo a ser cruel desde que tenha como objetivo manter seu povo unido. Maquiavel ainda diz que um príncipe necessita ser bom simulador e dissimulador, de modo que se não possuir certas qualidades ao menos aparente que as possui, já que para manter o governo muitas vezes precisará agir contra aquilo que é considerado certo.

Tais características do príncipe, muito prezadas por Maquiavel, acabam se aplicando aos métodos dos quais os gângsteres do filme se utilizam para manterem uma relação de respeito entre eles e seus “súditos”. Acima de qualquer coisa eles são temidos, independente de serem queridos ou odiados, assim como os príncipes partindo do ponto de vista de Maquiavel. No filme, assim como valorizado por Maquiavel, ninguém é capaz de manter sua palavra, agem sempre de acordo com seus próprios interesses. Porém, enquanto os príncipes devem agir em favor dos interesses do povo, não importando como e sem dar atenção a maneira como acabarão sendo vistos devido a suas atitudes; já os gângsteres agem em benefício próprio, ainda assim demonstrando se preocupar com seus subordinados em dados momentos para que não resolvam se virar contra eles. É notável que tanto príncipes quantos gângsteres precisam ser cautelosos em suas relações, preservando seus interesses e agindo ou fingindo agir em nome do povo, nunca esquecendo de demonstrar seu poder e sua grandeza.

domingo, 1 de maio de 2011

Resenha sobre "Ajuste final" relacionando com "O príncipe" de Maquiavel por Luana Calazans.

O filme “Ajuste final” é um filme lançado no ano de 1990, é o terceiro trabalho dos irmãos Cohen. O filme se ambienta nos anos 30, na época da Lei Seca nos Estados Unidos e conta a história de Tom Reagan, que era algo como o braço direito do chefe do tráfico de bebidas na cidade, e que de repente se vê no meio de uma disputa entre seu chefe, Leo, e outro gângster, Johnny. O personagem então se vê envolvido com os dois lados dessa disputa e apaixonado por uma mulher que também mantém um relacionamento com seu chefe, Leo. O filme foge dos paradigmas de outros filmes que tratam deste tema, pois não trata simplesmente da ascensão ou decadência e sim, do caminho percorrido, estratégias e reavaliações de parâmetros para a realização do objetivo do personagem.

Em “O príncipe”, livro dedicado a Lourenço de Médici que era Príncipe do estado na época, Maquiavel pretendia oferecer conselhos de como agir, se portar de modo que o príncipe pudesse obter e manter o poder sem ser odiado pelo povo.

Podemos associar os dois em alguns trechos do filme. Como já havia mencionado no primeiro parágrafo o filme trata sobre o caminho percorrido pelo personagem até atingir seu objetivo que podemos observar também no texto de Maquiavel que ensinaria os meios para o Príncipe conquistar seu objetivo. No capítulo XVII de seu livro, Maquiavel afirma que ser temido é melhor do que ser amado, pois em momentos de necessidade às vezes não podemos contar com as amizades que temos, o que também podemos observar no filme. Na cena do atentado a Leo, podemos conectar com o discurso de Maquiavel que diz que um líder deve ser temido, mas não odiado.

E com isso podemos observar que mesmo tendo sido escrito em 1513, o livro de Maquiavel ainda é muito atual, tendo influenciado muitas pessoas não só na ficção como também na realidade com sua famosa interpretação “O fim justifica os meios”.

Manual final de um príncipe

Peço para que não se inspirem no que vou escrever, pode ser?!

Eis a coroa de um mafioso

Os homens, príncipes ou não, são notados por seus traços de personalidade, sejam elas boas ou não. A maior quantidade de boas qualidades é sempre preferível, porém não é real na existência humana. E ainda que contraditório, os maus traços, podem levar a um bom governo. É exercer por caminhos tortos, isso é possível por seguir o curso natural.
Para um bom governo deve ter poucas despesas, não repassando assim os dividendos para seus súditos, agindo como rapinante. Ser miserável é ter controle e poder governar. Se é reprovado pegar dinheiro de sei povo o mesmo não acontece com os seus inimigos/rivais, pois há reinos que conseguem se construir e manter com os corsários, ter prestígio frente aos demais e assim exercer seu poder.
Entre ser amado e temido a possibilidade de menores danos é ser temido. Porque, os homens agindo de acordo com seus interesses ficam ao lado de quem lhes traz benefícios. Porém essa dedicação é interesseira e logo os acordos se desfazem, pois só o amor é capaz de manter a lealdade ou irmandade. Esse vínculo é mais ligado a obrigação, já o outro alimenta o medo de sofrer vingança, gerando uma constante instabilidade, pois o que foi negado, nesse caso, será cobrado com certeza, além de punido.
Saber simular e dissimular o que é dito é importante para assegurar que não perca sua força. Quanto mais novo o governante, maiores são as chances de ser enganado pelos interesses particulares dos homens, uma vez que não possuem experiência prática de governo. A boa observação é muito importante, mas não suficiente para determinar a eficácia do aprendizado de governo.
Quantitativamente, há sempre muitos conspiradores, porém mesmo esses que desgostam do modo como o governo é encaminhado, tem a vontade de com a traição conseguir benefícios. Por esse motivo, as conspirações são falíveis. Ser admirado pelo povo é necessário, ainda que não por todos, pois quando odiado, a desconfiança desestabiliza a ordem. Ter a maioria ao seu lado inclina as decisões, sejam elas cruéis ou não. No entanto, é a forma de se manter no poder, seja ele herdado ou conquistado.

Mayara Caetano

Maquiavel e o Ajuste Final

Em o Ajuste Final, Tom Reagan é o homem de confiança de Leo, um poderoso gangster que controla parte da cidade de Chicago na década de 1930. A relação entre os dois acaba quando Leo descobre o envolvimento de sua namorada com Tom. Este então começa a trabalhar com Johnny, o maior rival de seu ex-chefe. A rivalidade entre os dois gangsteres cresce de tal maneira, que logo toda a cidade entra em guerra e Tom, com toda sua astúcia, passa a ser a principal peça desse jogo.

Na sua obra “O Príncipe”, Maquiavel tem como objetivo oferecer conselhos ao príncipe de seu país de como se portar e agir, visando manter a longevidade no trono e obter a aprovação dos seus súditos. Podemos relacionar alguns conceitos de Maquiavel com algumas situações presentes no filme.

Maquiavel afirma que o príncipe deve preocupar-se mais em ser temido do que amado, porém deve agir procurando evitar ser odiado, uma vez que o ódio pode levar a formulação de conspirações contra sua vida. Pois é exatamente o que ocorre com Leo, conhecido como o “chefe” na cidade, que sofre um atentado em sua casa, e de uma maneira inacreditável consegue sobreviver.

Para Maquiavel, o príncipe deve aconselhar-se sempre que achar necessário, indagando bastante e ouvindo o que lhe é respondido com paciência. O papel que Tom desempenha para seus chefes é justamente de aconselhador, devido a sua inteligência e capacidade de ver as situações por outro ângulo. Essas características permitem a Tom influenciar os outros personagens, visando assim manter o controle do jogo.

Outro conselho dado por Maquiavel ao príncipe é que o mesmo deve saber alinhar a natureza do homem, que combate através da lei, com a natureza do animal, que se utiliza da força, pois uma desacompanhada da outra gera instabilidade. Sendo necessário ser um bom simulador e dissimulador. Essa é uma das principais características de Tom, o que fica evidente principalmente em uma das ultimas cenas do filme, em que Tom, com toda a sua astúcia, arma uma armadilha para pegar Bernie (o homem que o chantageava) e Johnny.

Podemos perceber então que o filme utiliza muitas das teorias de Maquiavel para desenrolar um violento jogo de poder.

Resenha crítica sobre o filme “Ajuste Final” com base em alguns capítulos de “O Príncipe” de Maquiavel, por Isadora Mann

O filme “Ajuste Final”, de 1990, é uma produção basicamente sobre alguns gângsters de New Orleans. O personagem principal é o gângster Tom Reagan, braço direito do chefão do tráfico de bebidas de Nova Orleans. De repente, ele se vê no meio de uma violenta disputa entre seu chefe Leo e outro gângster poderoso, Johnny. Para piorar, ele se apaixona pela namorada de seu chefe e eles começam a ter um caso às escondidas, até que Tom resolve contar a Leo sobre os dois. Furioso, Leo corta relações com Tom e este resolve se aliar a Johnny, que sempre quis tomar o lugar de Leo. E a partir daí muitas coisas (não necessariamente boas) acontecem.


“O Príncipe” é um livro escrito por Nicolau Maquiavel em 1513. Na verdade é um tratado político que descreve as maneiras corretas (segundo Maquiavel) de conduzir os negócios públicos internos e externos e, fundamentalmente, como conquistar e manter um principado. Esse tratado político possui 26 capítulos mas apenas alguns deles servirão de base para a resenha (do capítulo XV até o capítulo XXI).


Maquiavel, no capítulo VXIII, deixa claro que para ser um bom príncipe, ele precisa ser dissimulado quando necessário. “(...) não é preciso que o príncipe tenha todas as qualidades mencionadas; basta que aparente possuí-las. (...)” Essa característica fica clara no filme, onde os personagens são ambíguos e moralmente decadentes, que nunca são exatamente aquilo que parecem ser. Assim como príncipe de Maquiavel. Além disso, é nesse capítulo que sugere a famosa expressão “os fins justificam os meios”. Expressão essa que certamente é valorizada pelos personagens dos filmes, uma vez que para eles apenas importa chegar onde querem, nem que para isso vidas sejam perdidas e a moral, esquecida.


Em outro capitulo, como o XVII, é debatida a questão se é melhor para o príncipe ser amado ou temido. De acordo com Maquiavel, é mais seguro ser temido porém se preocupar em evitar ser odiado. Assim como os gângsters do filme. Eles são temidos até por alguns de seus homens, mas se estes o odiassem, não trabalhariam para eles.


Vê-se que, embora o livro e filme tenham sido feitos com quatro séculos de diferença, muitas semelhanças ocorrem entre o príncipe ideal de Maquiavel e os personagens “maquiavélicos” do filme.