segunda-feira, 2 de maio de 2011

O Príncipe Tom Ragen

Em "O Príncipe" Maquiavel declara que a natureza humana é ruim, que os homens são egoístas e atentam para seus interesses individuais. Tendo isto em consideração o autor passa a analisar toda a conjuntura do Estado e de como ele deve ser governado pelo seu chefe: o príncipe. Este conteúdo está presente dentro de alguns tópicos, os quais têm como objetivo salientar ações positivas e negativas de um governante, no intuito de orientá-lo para que ele consiga prosperidade como soberano.
No filme "Ajuste Final" há um personagem que possui características descritas por Maquiavel para que um homem possa ser um bom e eficiente príncipe. Este é Tom Ragen que, apesar de não ser o soberano da cidade a qual se passa a história, consegue articular tudo a seu favor e a de seus aliados de forma inteligente. O que ele faz é aparentar que está atuando em prol de um ou outro mafioso, quando na verdade tudo é articulado por ele para que consiga atingir objetivos próprios. O personagem convence os grandes mafiosos com suas ideias e percepções, "conquistando fama de grandeza e excelência" ("O Príncipe, cap. XXI).
Entretanto, ao longo do filme percebe-se que Tom não consegue exercer "força" sobre seus oponentes. Ou seja, segundo a analogia de Maquiavel o personagem apenas consegue atuar como uma raposa, sendo sagaz, inteligente, faltando as características de um leão que age com brutalidade. Afinal, segundo o autor para dominar a situação é necessário que o príncipe consiga agir das duas maneiras: como um leão e como uma rapousa. É no final do filme, no entanto, que Ragen percebe a necessidade da força bruta em ação conjunta com a sagacidade, ao matar o oportunista Bernie, já que sua vida prejudicaria os planos de Tom.
Regan faz alianças com os poderosos, pois são estes que lhe financiarão e o prestigiarão, não esquecendo a ajuda dos inferiores, como a do barmen da casa de festa do mafioso Leo que lhe fornece informações assim como tem por ele certo apreço, demonstrando preocupação com a demora de Tom para pagar sua dívida. Isto é exatamente o que Maquiavel defende em uma parte de seu texto, que o príncipe deve se apoiar nos fortes sem esquecer dos menores, afinal estes poderiam ajudar ou até mesmo rebelar-se contra seu soberano, conforme sua atitude perante esses indivíduos.
É portanto perceptível as inúmeras semelhanças entro o governante que Maquiavel descreve como ideal com o personagem Tom Regan do filme "Ajuste Final". Afinal, os governantes retratados no filme são vistos como fracos, como subalternos dos mafiosos da cidade que têm como conselheiro Tom. Ou seja, a decisão final de uma possível ação na cidade acaba sendo desencadeda por uma ideia de Regan que os mafiosos e os governantes colocam em prática.


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