quinta-feira, 28 de abril de 2011

Disciplina: Introdução à Comunicação Política

Ementa: O campo de estudos da Comunicação Política. Os meios de comunicação como agentes, instrumentos e arena da disputa política no cenário contemporâneo. Os meios de comunicação como instituição política. Mídia e processos eleitorais. Meios de comunicação e política no Brasil.


Horas/aula teórica: 4 horas por semana


Carga Horária: 60 horas


Professor responsável: Prof. Dr. Afonso de Albuquerque


Parte I: Os fundamentos clássicos da Comunicação Política


Finley, Moses I. Democracia Antiga e Moderna. Rio de Janeiro: Graal, 1988, cap. 1 e 5.


Platão. A República. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1983. Capítulo 7.


Perelman, Chaïm e Lucie Olbrechts-Tyteca. Tratado da argumentação. São Paulo: Martins Fontes, 2005. Introdução


Parte II: A Comunicação Política e a Construção do Estado Moderno


Maquiavel, Nicolau. O príncipe. In Nicolau Maquiavel. Vida e Obra. São Paulo: Abril Cultural, 1999 cap XV a XXI (p. 99-134)


Burke, Peter. A Fabricação do Rei. A construção da imagem pública de Luis XIV. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1994. Cap 1 (p. 13-25)


Parte III: A Construção do Governo Representativo


Pitkin, Hanna Fenichel. O conceito de representação. In Fernando Henrique Cardoso e Carlos Estevam Martins. Política & Sociedade. São Paulo: Companhia Editora Nacional, p. 8-22.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

"Se você argumentar corretamente, nunca estará errado"

A introdução do "Tratado da Argumentação", de Perelman e Tyteca, pode ser relacionada ao filme "Obrigado por Fumar", de Jason Reitman, em inúmeros pontos. A relação mais evidente que pode ser feita é a questão de ambos terem como foco a argumentação e seu poder. No filme, Nick Naylor usa a fala, através das palavras e tom de voz ideiais, para defender uma causa criticada por muitos: a indústria do cigarro. O personagem possui uma habilidade incrível na retórica. Em paralelo, o texto baseia-se em uma análise em torno da palavra e das maneiras de utilizar a mesma para persuadir outros indivíduos, através da nova retórica.

No texto, são apresentados como os três “personagens” necessários para que haja o processo de fala o “discurso”, o “orador” e o “auditório”. Relacionando ao filme, o “discurso” é “o cigarro não faz mal à saúde”, o “orador” é Nick Naylor, e, por fim, o “auditório” são os indivíduos fumantes e não fumantes, também.

Tratado da argumentação x obrigado por fumar por Viviane Laprovita

O filme trata da exemplificação da arte da nova retórica na qual se refere Perelman. É a história de Nick Naylor, o principal porta-voz das grandes empresas de cigarros, que ganha a vida defendendo os direitos dos fumantes nos Estados Unidos.
Através de discursos de carater altamente coersivo, Nick manipula informações em entrevistas a programas de TV, onde seu discurso acaba por fazer diminuir os riscos do cigarro ao invés de aumentá-los. Utiliza a idéia de evidência para convencer seu auditório e realiza a arte de raciocinar a partir de opinioes geralmente aceitas.
Podemos afirmar que Nick se baseia na frase citada no texto, onde aparece a idéia de que "Em função de um auditório que qualquer argumentacao se desenvolve." para convencer seu público e criar uma imagem pública aceitavel para as empresas de cigarro.
Outra forma de retificar isso é o trecho do texto da página 7: " O que conservamos da retórica tradicional é a idéia mesma de auditório, que é imediatamente evocada assim que se pensa num discurso. todo discurso se dirige a um auditório, sendo muito frequente esquecer que se dá o mesmo com todo escrito, enquanto o discurso é concebido em funcao direta do auditório, a ausencia material de leitores pode levar o escritor a crer que está sozinho no mundo . conquanto na verdade seu texto seja sempre condicionado inconscientemente por aqueles a quem pretende digirir-se."
Podemos concluir, a partir das palavras de Perelman que o orador é obrigado a adaptar-se a seu auditório, sendo facilmente compreensivel que o discurso mais eficaz sobre um auditorio incompetente nao é necessariamente o que comporta a convicção do filosofo.
É o que faz o personagem principal do filme Obrigado por fumar, em seus discursos, utilizando a evidência para tornar o auditorio mais acessivel aos argumentos que lhe serão apresentados.

"Obrigado por fumar" por "Tratado da Argumentação"


Assim que se começa a ler a introdução do texto “Tratado da Argumentação”, de Chaïm Perelman e Lucie Olbrechts-Tyteca, já é possível encontrar várias citações onde o filme “Obrigado por fumar” é lembrado. No longa, a idéia de que é necessário colocar sinais de veneno nos maços de cigarro é tratado como evidência. Uma evidência contra a qual Nick Naylor tenta lutar. Mas, quando lemos o texto, percebemos que esta idéia que se tem do cigarro pode não ser tão evidente. Há um trecho em que os autores afirmam “... pois não se delibera quando a solução é necessária e não se argumenta contra a evidência”. Pode-se, portanto, chegar à conclusão de que, como há argumentação, a evidência não existe. O que há são diferentes possibilidades de raciocínio dentro de um mesmo tema. 

                No filme, Naylor age exatamente como os autores descrevem o campo da argumentação, como sendo o “do verossímil, do plausível, do provável, na medida em que este último escapa às certezas do cálculo”. Esta é a intenção: usar de idéias em que seja possível acreditar (e que sejam realmente possíveis de existir) e fazer com que o outro compre a sua idéia, seja ela verdadeira ou não.
                A idéia da evidência, citada anteriormente, volta ao longo do texto, como na página 4. No trecho “a evidência é concebida, ao mesmo tempo, como a força a qual toda mente normal tem de ceder e como sinal de verdade daquilo que se impõe por ser evidente”, mais uma vez podemos perceber que a necessidade da implantação de rótulos de veneno nos maços de cigarro não é algo evidente e visto como necessário por todos. Se Nick Naylor pode fornecer argumentos contrários a este pensamento e não se submete a esta “evidência”, a verdade plena já não existe. 

                Na mesma linha de raciocínio, outro trecho ainda diz que “a teoria da argumentação não pode se desenvolver se toda prova é concebida como redução à evidência”. O que as provas indicam são apenas novas formas de se pensar sobre o tema proposto. O que Nick Naylor procura fazer é mostrar essa teoria na prática (embora provavelmente não saiba que está fazendo isto). Ele inclusive tenta passar esta forma de pensar e a técnica de “convencimento” que possui para o seu filho, Joey. Seria como um talento que precisa ser ensinado para se perpetuar. Mas o garoto começa a aprender e a agir exatamente como seu pai, o que traz preocupação ao homem. Seria esta mesmo a melhor forma de agir? Argumentar (muitas vezes nem acreditando no que está dizendo) mesmo trazendo prejuízos para os outros e para si mesmo?

MESA: Novas midias, o que muda na politica?

Nesta mesa tivemos o debate acerca do impacto das novas midias sobre a politica, que vem alterando conceitos e promovendo demais debates importantes.
O quadro politico sofreu determinadas alterações desde a tendencias do uso do CMC, seja para divulgação e/ outras finalidades.
Essa tendencia vem acirrando as relações de poder entre sociedade, estado e partidos, bem como modificando o mode do " fazer politica".
Podemos dizer que um grande impacto foi no que tange a comunicação e acessibilidade, tornando também o fazer politico mais facil, explicito, visto a amplitude do alcance social da rede, o que desencadeia em novos processos politicos ,de relações e processos eleitorais. Porém isso tudo pode causar um tensionamento entre visibilidade e credibilidade, pois estar na rede e acessivel a todos nao significa verdade e / ou correto, visto que nao ha provas acima do exposto.
Pensando na logica da comunicação, este processo de CMC através das novas midias faz com que o estado/poder se estruture e re-estabeleça estrategias, como num processo de dominação, fazendo com que este mkt e comunicação politica proporcione maior visibilidade, mas que por outro lado questione a questao da credibilidade.
Pode-se destacar ainda dentro desta questão algumas consequencias como : reconhecimento - a tecnologia permite " ser e ser visto" ; autonomia de criação de redes e estruturas proprias ; pertencimento - identidade compartilhada com o outro ; amplificação - capacidade de amplificar sua voz em um espaço publico ; Reprodução independente e de qualidade; repercussão - interesse de outros grupos ; multipliciadade de informação - cria a possibilidade de organizar essas informações ocasionando a escolha por parte da sociedade - ; interatividade entre sociedade midia e poderes; afetividade - relações afetivas e virtuaisque se mistruam com o mundo real tendo a ideia de maior participção politica pela sociedade ; publicidade e propagando - persuassão e estrategias de comunicação ; ideia de memorias - documentalçao e resgistros de fatos historicoas entre outros.
Logo podemos concluir que o estado propoem este estreitamento da ralação no novo modo de fazer politica atraves da comunicação mediada por computadoras e nvoas midias, porém devemos ressaltar que para que tudo ocorra de tal forma, o politico deve saber falar e transmitir seu pensamento e ideias, de forma clara e objetiva, preocupando com a veracidade das informações obtidas e repassadas através destas novas midias.

Analogia entre o filme “Obrigado por fumar e o livro Tratado de Argumentação”.

No filme, conhecemos como o lobista chamado Nick Naylor consegue persuadir nos mais diferentes meios de comunicação as pessoas a consumirem o cigarro sem que isso seja considerado , segundo suas argumentações algo errado ou passível de críticas.


No tratado da Argumentação, de Chaim Perelman fica claro como podemos decidir que proposições o autor deve utilizar e, as que deve descartar para ratficar as expressões que irão induzir alguém a acreditar no seu sistema coercitivo.


Podemos concluir que assim como no livro, o personagem principal do filme utiliza dessas técnicas de persuasão e coersão para construir um jogo de verdades que irá ajuda-lo a propagar a indústria do cigarro. E isso ocorre da forma mais branda para que haja uma associação negativa de menor impacto para o produto vendido. O que facilitaria a aceitação do grande público sem a necessidade de maiores problemas para a companhia de cigarros e para o argumentador.



Alex Vieira Oliveira

Resenha do filme " Obrigado por fumar"

O filme obrigado por fumar retrata além de uma historia sobre a industria do cigarro e o impacto disso com a sociedade, nos passando a importancia da argumentação para se chegar a adesão.
Comparando-o com o texto de Chaim Perelmam e Tyteca, o Tratado da Argumentação, nos faz comprrender a argumentação e seus fins conhecendo assim alguns elementos que o fundamentam. Distinguindo por ora o convencimento da persuassão.
Uma argumentação apresenta diversos argumentos que possibilitem um alcance com o verossimel , o provavel, porém nao sendo essa uma verdade. Argumentar é por-se do ponto de vista do intelocutor motivando-o a a adesão seja pelo envolvimento racional ( convencimento) ou emocional ( convencimento).
No filme podemos retratar isso através de um dialogo do pai com o filho " argumentar corretamente nunca se esta errado", tanto que o lobista Nick Naylor consegue de tal forma convencer a todos com sua argumentação mesmo se tratando de um debate tao polemico acerca dos maleficios do cigarro.( Esta fala se da na cena do pai auxiliando o filho no trabalho escolar sobre o gov americano).
Uma outra cena em para se destacar é a que o filho dia ao pai que nao convenceu a mae por base de negociação e sim usando um metodo argumentativo, baseado num metodoc contraditorio em que nao implica mostrar-lhe que ele estaria certo e sim ela como foco/objeto e que estaria errada. Dessa forma contraditoria o lobista também consegue sucesso ao convencer o ex personagem da propagando do Marlboro a ficar com o dinheiro e calar-se perante a midia.
O filme bem como o texto nos demosntra o processo de uma argumentação, suas estrategias e logicas, mostranto o papel do interelocutor em relação ao receptor,que nos faz concluir que a tarefa da argumentação é ter razão, uma forma sutil de manipulação.

Cibele Pontes

Tratado da Argumentação e Obrigado por Fumar, por Bruno Pestana.

No filme "Obrigado por Fumar", o personagem principal, Nick Naylor, é assessor de uma fábrica de cigarros e viaja por seu país realizando palestras e dando entrevistas que tratam da amenização do que se conhece sobre os males do hábito de fumar. Nick deve então argumentar persuadindo e convencendo seus ouvintes, nas diferentes mídias.
O filme relaciona-se com o texto Tratado da Argumentaçã, dos autores Chaim Perelman e Lucie Olbrechts-Tyteca, na ideias dispostas no texto de que um narrador deve adequar seu discurso de acordo com os diferentes tipos de público e de que há uma distinção entre persuadir e convencer. Essa distinção estaria relacionada ao fato de que a persuasão é ligada a emoção, estando diretamente ligada a estimulos de vontade e o convencimento, por sua vez, é algo ligado a estímulos mais racionais.
Tanto no texto quanto no filme, fica clara a ideia de que um narrador deve saber administrar a persuasão e o convencimento para que haja uma boa argumentação e que esses elementos devem ser moldados por esse narrador de acordo com o público ao qual ele se dirige.

"Obrigado por fumar" através do Tratado da Argumentação, por Thaís Brito

O tema abordado no filme “Obrigado por fumar” se relaciona diretamente com a argumentação. É tornando a mesma uma ferramenta que o protagonista, Nick Naylor, se utiliza para falar em defesa dos cigarros. Nick trabalha como porta-voz de uma fábrica de cigarros e tem como função criar argumentos nos quais tenta abrandar os males que podem ser causados pelo fumo. Em dado momento do filme, tal personagem ainda alega que o mais importante não seria convencer o adversário de que ele estaria certo, mas fazer com que o próprio adversário se percebesse errado. No texto de Perelman e Tyteca é dada ênfase na questão de que a argumentação se desenvolve de acordo com o público no qual se insere, dessa forma, é possível concluir que a interpretação dos argumentos seria variável de acordo com os ouvintes. Isso é perceptível até mesmo no filme, durante os discursos de Nick, há aqueles que acabam cedendo aos seus argumentos (que tem como intuito principal, como já dito, indicar os oponentes como errados) e também aqueles que relutam em acreditar no que é falado por ele.

No Tratado da Argumentação é falado também sobre o condicionamento que pode ocorrer na preparação do público para um determinado discurso. Esse condicionamento afetaria nitidamente no comportamento do público diante dos argumentos mostrados. No filme ocorre uma situação semelhante na qual Nick é seqüestrado e exposto a altas quantidades de nicotina, sua vida é “salva” devido a seu hábito de fumar, que caso não acontecesse teria o colocado em risco. O seqüestro acaba sendo cogitado como um meio de justificar os benefícios do fumo. Assim sendo, através do seqüestro se fortaleceriam os argumentos que consequentemente fariam ainda mais efeito em quem estivesse disposto a ouvi-los.

Além disso, no texto de Perelman e Tyteca fala-se sobre a distinção existente entre convencer e persuadir. Segundo eles, o convencimento seria racional e estaria diretamente ligado ao entendimento, já a persuasão seria irracional e atuaria diretamente sobre a vontade. Não é possível identificar no filme com precisão se o protagonista se utiliza apenas do convencimento ou da persuasão, mas de certo modo seus argumentos teriam apoio em ambos. A partir daí é possível falar até sobre certa manipulação do público por parte de Nick Naylor, que é retratado no fim do filme demonstrando para alguns homens como as palavras devem ser colocadas num discurso de modo que não sejam totalmente mentirosas e nem mesmo transpareçam a verdade de maneira muito óbvia, ao mesmo tempo permitindo passar certa credibilidade em sua fala a ponto de convencer e persuadir as pessoas.

domingo, 24 de abril de 2011

"O segredo do sucesso é o segredo."

Estava recordando uma discussão promovida pelo professor Marildo Nercolini em sua aula de Comunicação e Cultura, onde a turma, dividida em dois grandes grupos, heterogêneos, independente de suas convicções, deviam defender um dos pontos de vista: a afirmativa de Thomas Hobbes, "o homem é o lobo do homem", e a máxima "o homem nasce bom e a sociedade o corrompe", por Jean-Jacques Rousseau.
Refleti sobre essa dinâmica ao final do filme A Vila (The Village, 2004), cuja história é sobre um grupo de pessoas que funda uma comunidade afim de afastar a violência e os crimes, que eles acreditam ser motivados pelo sistema capitalista.
Afastados de toda referência exterior, os fundadores sustentam segredos e mitos para evitar a curiosidade dos demais sobre o que pode existir além daqueles limites, proporcionando paz e segurança a partir da ignorância alheia sobre os verdadeiros fatos.
Segundo a definição de Freud, o homem civilizado é aquele capaz de sublimar seus impulsos de violência e sexualidade. A sublimação não advém da ignorância, mas sim do reconhecimento e aceitação de si e dos demais. Ao tentar esconder as referências dos outros que ali nasceram e cresceram, e mesmo lhes impondo o controle pelo medo, não conseguiram evitar que um crime acontecesse.
A personagem principal, Ivy Walker, é cega. Guiada por seus instintos, Ivy comete um assassinato, consciente do que estava fazendo, em auto defesa. Mas, ao retornar à vila, ela apenas sustenta o mito criado pelos fundadores, dando ainda mais veracidade aos fatos que os outros julgam reais.
O filme não é conclusivo e a questão que deixa no ar é a mesma questionada por Sócrates, narrada por Platão em A República, no Mito da Caverna:
SÓCRATES - Se na caverna houvesse elogios, honras e recompensas para quem melhor e mais prontamente distinguisse a sombra dos objetos, que se recordasse com mais precisão dos que precediam, seguiam ou marchavam juntos, sendo, por isso mesmo, o mais hábil em lhes predizer a aparição, cuidas que o homem de que falamos tivesse inveja dos que no cativeiro eram os mais poderosos e honrados? Não preferiria mil vezes, como o herói de Homero, levar a vida de um pobre lavrador e sofrer tudo no mundo a voltar às primeiras ilusões e viver a vida que antes vivia?
Ao passo que Glauco responde que sim, Ivy retorna à sua comunidade, movida pelo impulso da paixão, e consciente das palavras de teu pai, que afirma que ela era a única capaz de ver a luz na escuridão, portanto poderia guiar os demais.
Por que ela não contou aos outros que tudo aquilo é uma farsa? Por que não contou ao seu pai que existem pessoas boas também, fora dos muros? Talvez fosse tida como rebelde, uma tentativa de acabar com a ordem local, promotora do caos. E talvez por isso devesse ser silenciada. Talvez, por enxergar além, criou em si um sentimento de compaixão, para preservar os outros da dor. Ou talvez, tenha planos mais ambiciosos e assim possa manipular as pessoas que não possuem seu conhecimento.
Seja como for, a vila continuará a existir nos moldes determinados, enquanto os segredos ficarem em segredo. A partir do momento em que alguém detém o conhecimento, pode agir por si mesmo.

Ass. Larissa Castanheira

GT 4 – Sessão 1 “Internet, campanhas eleitorais e instituições políticas”, por Bruno Pestana.

A primeira sessão do GT4 da Complítica foi iniciada pelo palestrante Sérgio Braga com o seguinte tema: "O uso da internet pelos candidatos aos governos estaduais e ao senado federal nas eleições brasileiras de outbro de 2010.". Em um dos momentos relevantes da palestra, o autor disse ter dividido os críticos do uso da internet pelos candidatos em dois grupos: os "ciberotimistas" e os "ciberpessimistas". Segundo Sérgio, o primeiro grupo defende a ideia de que o uso da internet pelos candidatos estaria gerando novas formas de democracia além do fato de que essa utilização da web contribui enormemente para que houvesse segundo turno em várias regiões. Já o segundo grupo, diz Sérgio, acredita que a internet alterou bem pouco as formas tradicionais de se fazer política. Já entre as conclusões, duas se destacam como bastante relevantes, uma diz respeito aos partidos de esquerda que, em se tratando de candidatos regionais, pouco aderiram às campanhas virtuais e outra é que os resultados apontaram para um padrão diferente do uso da web em relação as eleições anteriores, como, por exemplo, a enorme utilização de redes sociais substituindo mecanismos tradicionais como blogs, fóruns e chats.
Já a segunda palestra foi ministrada por Camilo Aggio e baseava-se no tema: "As campanhas políticas no twitter: uma análise do padrão de comunicação política dos três principais candidatos à presidência do Brasil em 2010". Segundo Camilo, o uso do microblog twitter pelos candidatos Dilma Roussef, Marina Silva e José Serra obteve excelente repercurssão pois há um número cada vez maior de eleitores que procuram informações fora dos meios massivos como rádio ou TV. Entre outros dados apresentados, um bastante interessante foi sobre os assuntos sobre os quais cada candidato mais postava: Dilma postava assuntos triviais e não só os interesses de campanha, José Serra postava bastante sobre os eventos onde esteve ou iria estar ou que estavam acontecendo em tempo real, Marina Silva, por sua vez, tratava sobre as suas propostas de campanha. Cabe salientar o fato de que essa última era assessorada no twitter, mas ainda assim ela dava opiniões diretas sobre o que postar. Numericamente, Marina postou 81 vezes sobre suas propostas enquanto Serra postou 38 vezes e Dilma Roussef postou apenas 3 vezes.

sábado, 23 de abril de 2011

Obrigado por argumentar [2]

A teoria da argumentação é concebida como "o estudo das técnicas discursivas que permitem provocar ou aumentar a adesão dos espíritos às teses que se lhes apresentam assentimento" (PERELMAN, 2005). É possível relacionar esta afirmativa a um trecho do filme "Obrigado Por Fumar" (Thank You For Smoking, 2006), onde Nicky Naylor, um lobista da indústria do cigarro, fala ao seu filho sobre seu trabalho, explicando que as pessoas são livres para escolher entre alternativas diferentes.

O exemplo dado é sopbre sabores de sorvete. Enquanto o filho defende que chocolate é o melhor, Naylor defende o de baunilha. O filho diz que não importa o que ele disser, não vai convencê-lo de que baunilha é melhor, então ele diz "Eu não preciso convencer você, preciso convencer eles (os demais)".
Com isto, Naylor ensina seu filho sobre o que é argumentação, que duas pessoas podem apresentar diferetes perspectivas sobre um ponto afim de convencer outras pessoas sobre suas convicções; e que não se trata de uma negociação, mas dentro de uma negociação, um bom argumento pode se sobressair e convencer os demais.
Na introdução do Tratado da Argumentação, Chaïm Perelman aborda a teoria da argumentação como uma retomada da retórica, da escola clássica grega. Ou, uma nova retórica, pois quebra com o paradigma estabelecido por Descartes, que dizia "toda as vezes que dois homens formulam sobre a mesma coisa um juízo contrário, é certo que um dos dois se engana".
Naylor tinha seus argumentos para defender a indústria do cigarro, à esta altura, já condenada pela Organização Mundial de Saúde, que apresentava fatos empíricos à sociedade sobre o mal que o cigarro pode trazer à vida de alguém. O argumento mais forte de Naylor é que as pessoas já sabem as consequências que o cigarro pode trazer, mas elas continuam livres para escolher, já que o cigarro não é a única fonte desses males.

Ass. Larissa Castanheira

Obrigado por argumentar




A argumentação tem como objetivo, provocar ou aumentar a adesão dos ouvintes às teses que se apresentam. Esse é o mecanismo dominado por Nick Naylor em Obrigado por fumar.
Membro como mesmo denomina MOD Squad, pois é porta-voz da indústria do tabaco, utiliza de tal método para fazer valer sua opinião. Apenas dizer e rebater críticas, não basta se não souber como persuadir e convencer seu auditório/público.
A diferença entre persuadir e convencer, de acordo com Perelman e Tyteca, é que o primeiro se vale para um auditório particular e o segundo para todos aqueles que são racionais. É certo que um limite claramente delineado não pode ser assegurado e na prática não se mostra necessário.
As duas são administradas pelo seu orador, pois é necessário uma adaptação aos ouvintes. Esses podem ser classificados de diversas maneiras, por exemplo: heterogêneo, particular, universal, de elite, etc. No entanto, são fundamentais para a eficácia da argumentação. No filme, podemos observar essa preocupação, que fica explicitamente afirmada no diálogo entre pai e filho, onde o pai alega que importa mais convencer um grupo do que aquele com quem se propôs debater.
Nesse ponto, cabe ressaltar que um orador “apaixonado” não saberia argumentar com eficiência, por estar cego por suas ideias e não enxergar os outros. Isso deixa vago a veracidade da argumentação que deve por princípio seguir uma lógica. E temos no filme como exemplo disso, a cena onde um opositor do personagem principal questiona ele, na figura de pai, se deixaria o filho fumar quando fizesse 18 anos. Já que o pai diz que os homens são independentes a partir dessa idade, podendo decidir o que devem fazer com suas vidas. Nesse ponto, poderíamos dizer que há uma fuga da lógica e uma falha na argumentação, ainda que seja justa a alegação.
Para além da adaptação ao público, o carisma, confiança e outras questões mais subjetivas atravessam o discurso. Buscamos agira com razão e imparcialidade em nossos discursos, mas não podemos excluir essas nuances. Uma forma de demonstrar essa ligação são as discussões diárias que são oportunidades de praticar a argumentação. Nas cenas de interação entre mãe/filho, aluno/professor e aluno/colegas de classe, vemos tentativas de aperfeiçoamento.
Quanto ao lugar de fala, não podemos dizer que nos encontramos em posição de igualdade, pois no simples discurso há uma hierarquização do sujeito. Isso confere aos que estão em posição mais elevada, maior confiabilidade, pelo “poder de verdade”. Normalmente, é preciso alguma qualidade para tomar a palavra e ser ouvido. (Perelman-Tyteca, p.21)
Dessa forma, podemos afirmas que Nick Naylor tem sucesso em suas argumentações, pois passa por uma deliberação interna; articula e se adapta ao seu público e sabe fazer valer sua posição no sistema de poder. Porém, há elementos que fogem da lógica pura, pois o homem busca esse ideal, ainda que por vezes a abordagem menos lógica se torne mais eficaz.

Mayara Caetano

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Resenha crítica sobre o filme “Obrigado Por Fumar” com base na introdução do texto “Tratado da Argumentação” de Perelman, por Isadora Mann

O filme de 2006 “Obrigado por Fumar” é uma produção satírica sobre a indústria do cigarro e do tabaco. Seu personagem principal, Nick Naylor é o principal porta-voz das grandes empresas de cigarros. Ele é um lobista e um ás da retórica e da argumentação. Ele mesmo diz que se alguém consegue vender cigarros, pode vender qualquer coisa. Afinal, o que está em jogo não é a moralidade da questão, mas a habilidade dos argumentadores em persuadir as pessoas (nesse caso, convencer que o cigarro não faz mal). Usando as palavras certas, o tom certo de voz e a convicção (mesmo que seja falsa) no que está falando, o protagonista é altamente bem sucedido em sua área. Sua fama faz com que Nick atraia a atenção dos principais chefes da indústria do tabaco e também de Heather Holloway, a repórter de um jornal de Washington que deseja investigá-lo. Ele diz repetidamente que trabalha apenas para pagar as contas, mas a atenção cada vez maior que seu filho Joey dá ao seu trabalho começa a preocupá-lo.

A introdução de “Tratado da Argumentação” de Perelman fala sobre a nova retórica. Apresenta um estudo sobre o raciocínio, a retórica e o mais importante, a argumentação. Resumindo, é um estudo sobre o poder da palavra. Esse estudo, basicamente, preocupa-se em analisar a estrutura da argumentação, os recursos discursivos, a técnica que utiliza a linguagem para persuadir, convencer e influenciar comportamentos.

Só com essas informações, já é possível traçar paralelos entre o filme e a introdução do texto. Perelman utiliza três termos em sua obra: “discurso”, “orador” e “auditório”. O primeiro é a argumentação, o segundo é aquele que a apresenta e o terceiro é o público a quem ela se dirige. Comparando com o filme, o orador é o protagonista Nick Naylor; o discurso é que o cigarro não faz mal à saúde; e o auditório é a população em geral, tanto os fumantes quanto os não fumantes. Asim como Perelman estuda os recursos discursivos para obter a adesão das pessoas, o protagonista do filme utiliza incansavelmente e com tremendo sucesso esses mesmos recursos, com o mesmo objetivo. Seu sucesso provém do fato dele saber tirar o máximo proveito do poder das palavras. Assim como Perelman menciona na introdução que a teoria da argumentação poderia ter sido tratada como um ramo da psicologia, o protagonista, ao se utilizar de todas as técnicas argumentativas possíveis, acaba por “mexer” com a cabeça de seu auditório ao dizer repetidas vezes (com maestria) que o cigarro não faz mal. Isso aumenta ainda mais o público fumante (ao mesmo tempo em que pessoas não fumantes passam a consumir cigarro), o que faz a indústria do tabaco crescer cada vez mais e o sucesso profissional de Nick aumentar. No final, o filme não é sobre o cigarro, mas sim sobre o poder da retórica e da argumentação. Assim como a obra de Perelman.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

GT 4 – Sessão 1 “Internet, campanhas eleitorais e instituições políticas”, por Ioná Ricobello

-> “O uso da internet pelos candidatos aos governos estaduais e ao senado federal nas eleições brasileiras de 2010”

Por: Sérgio Braga – Autor (UFPR)

Maria Alejandra Nicolás – Co-autora (UFPR)

Sérgio iniciou sua apresentação afirmando que as perspectivas do uso da web eram boas no contexto brasileiro, ilustrando essa afirmação com um ranking relativo ao uso das redes sociais no Brasil. Caracterizou os “ciberotimistas”, como aqueles que dizem que “sem a internet não haveria segundo turno”, e os “ciberpessimistas”, como aqueles para os quais “os candidatos estavam prontos, mas algo de errado aconteceu”. Apresentou, também, uma tabela que fazia a relação entre uso da web X região brasileira. Mostrou que um dos dados da pesquisa feita por sua equipe apontou que 50% dos candidatos à deputado utilizaram o Twitter em suas campanhas. Por fim, ao ser perguntado sobre questões mais aprofundadas em relação aos itens apresentados respondeu com a seguinte frase: “quizemos simplesmente fazer um mapeamento descritivo geral de quem usou redes sociais e quem não usou”, mostrando que o interesse era mais o de apontar números do que imaginar o por quê deles.

-> “As campanhas invadem o Twitter”

Por: Camilo Aggio (UFBA)

No segundo trabalho apresentado, a campanha política para as eleições de 2010 foi trazida como a “primeira campanha brasileira online de fato”. Com o foco no Twitter, o autor defendeu que “uma vez que os candidatos invadem as redes sociais online é necessário que eles tenham responsabilidade com o que está ali”. Relacionado a isso, trouxe o fato de que “os candidatos tem que entender que grande parte dos usuários do Twitter esperam interação com aqueles que seguem”, ou seja, a rede social não é apenas um ferramenta para o candidato postar e seus seguidores lerem, é uma ferramenta que requer diálogo efetivo candidato X eleitor. O Twitter veio apresentado como um fórum eficiente, dinâmico e veloz. A pesquisa analisou principalmente os Twitters de Marina Silva, Dilma e José Serra, e foi realizada nos dois meses que antecederam as eleições. Através dela, os pesquisadores apontaram a rede social como espaço para atividades como: post de agenda com link (ou seja, o candidato não dizia apenas aonde estava indo, mas postava um link com informações sobre o evento), divulgação de material de campanha e comentários sobre eventos com link sobre os mesmos. Ao analisar o Twitter de José Serra, foi percebido que ele preferia interagir como estratégia de aproximação com os eleitores (postando sobre o show do U2, por exemplo), mostrando que entendeu como funciona o Twitter no sentido da interação. Já Marina preferia apresentar e discutir propostas através da rede social, obtendo o maior número de interações entre os três candidatos analisados. Para o pesquisador, Dilma foi a que menos sucesso teve com o Twitter, postando “o que estava afim na hora em que estava afim”, realizando apenas 71 tweets, com somente 3 interações, nesse período de 2 meses. A candidata eleita, por mais irônico que pode parecer, veio apontada na pesquisa como um exemplo de “como não se utilizar o Twitter em campanha”.

-> “O Twitter na campanha eleitoral de 2010”

Por: Wilson Gomes (UFBA)

Mais um estudo analisando o uso do Twitter nas eleições de 2010, mas diferente da segunda apresentação, falou também de Plínio de Arruda, o colocando como o “queridinho do Twitter”, afirmando que apesar de não ter um tema voltado para os jovens, o candidato acabou fazendo maior sucesso, obtendo uma posição mais intensa. Para Wilson, nas últimas eleições surgiu o fenômeno que ele caracteriza como “o debate em companhia”, ou seja, “pessoas assistindo à debates chatíssimos, mas comentando no Twitter sobre os mesmos”. Em relação à José Serra, apresentou-se a questão do efeito inverso que aconteceu em sua campanha onde, ao ser implantada a tag “#pergunteaoserra”, o intuito era que os eleitores tirassem dúvidas construtivas, mas a oposição acabou usando contra o candidato, causando situações constrangedoras. Também foi citado Marcelo Tas, do programa CQC, como o microblogueiro político mais popular da internet. Wilson colocou uma questão em jogo: “houve realmente campanha online ou houveram partes online nas campanhas?”. Ele defendeu que as campanhas não foram de fato online, comparando a campanha de Obama com as campanhas eleitorais dos candidatos brasileiros, como exemplo, dizendo que a mesma ocupou todos os espaços na web e afirmando que isso não aconteceu aqui no Brasil.

-> “Estudo sobre o modelo organizacional dos partidos políticos na internet”

Por: Adriane Martins (UFF)

Adriane iniciou sua apresentação dizendo que seu estudo é focado na estrutura dos partidos políticos e que todo partido tem um objetivo a ser alcançado. Afirmou, também, que sua pesquisa procura entender como se dão as decisões dentro dos partidos e como eles se organizam, dizendo que esse modelo organizacional só pode ser entendido se tivermos conhecimento da origem do partido em questão. Mostrou que o site não é usado apenas para campanhas políticas, mas também de maneira institucional, como uma espécie de “lugar de fala” do partido. Indo em direção ao Twitter, que foi constante em todas as apresentações que antecederam a dela, afirmou que hoje, mesmo não querendo, ficamos sabendo sobre política, pois posso não seguir o candidato X, mas se alguém que eu sigo o Retwittar, eu leio o que ele postou.

Resenha Compolítica - Por Alex Vieira Oliveira

GT 4 – Internet e Política – sessão 1

A primeira sessão, o palestrante Sérgio Braga utilizou o seguinte tema: O uso da internet pelos candidatos aos governos estaduais e ao senado federal nas eleições brasileiras de 2010. A pesquisa foi feita com dados que foram obtidos durante as 2 últimas semanas antes das eleições de outubro, ao entrevistar mais de 2 mil pessoas com idade entre 18 e 65 anos. Uma das conclusões obtidas foi a não adesão à campanhas de internet por partidos políticos de esquerda quando seus candidatos eram apenas regionais. Outro ponto que foi avaliado foi a forma como os candidatos utilizavam a internet para sua campanha através de seus websites oficiais. Pois os candidatos não utilizavam esse espaço como um meio para discussões com o intuito de interagir e disseminar seus ideais de campanha e assim estar mais perto do seu público alvo.

A Segunda palestra foi ministrada pelo palestrante Camilo Aggio, e tinha o seguinte tema: A campanha política dos 3 principais candidatos à presidência. O autor utilizou como principal foco as campanhas destes candidatos utilizando o microblog Twitter. O principal motivo dessa utilização deveu-se pelo fato do candidato não poder apagar mensagens ou perguntas inapropriadas dos seus seguidores (eleitores). E por isso não utilizou os sites oficiais dos candidatos. A conclusão apresentada foi a que os candidatos utilizaram essa ferramenta de forma diferente. A candidata do PT, Dilma Roussef, foi a que menos interagiu com o seu público. Respondendo a no máximo 10 perguntas durante sua campanha. Motivo da pouca interação foi a possível liderança das pesquisas durante todo período eleitoral e o medo de possíveis perguntas que pudessem abalar sua campanha. Já o candidato José Serra utilizou a rede social para divulgar sua agenda de campanha, e fazer algumas piadas sobre assuntos cotidianos. A ideia principal era tentar melhorar seu carisma com o eleitorado. E a candidata do PV, Marina Silva, foi a que mais utilizou o twitter. Usando-o como canal direto para tirar dúvidas de suas plataformas de governo e, consequentemente, aumentar suas intenções de voto. Isso ficou claro por ter sido a candidata que alcançou mais seguidores na rede social, segundo o autor da pesquisa.

GT7: Políticas de comunicação

No GT7 segunda sessão (políticas de democratização dos meios de comunicação) de sexta feira tivemos,respectivamente,a apresentação dos trabalhos de Raquel Gomes de Oliveira (UFBA) e Luciana Pinto (UFMG),Viktor Chagas (UFF),Ivonete da Silva Lopes (UFF) e Mariela Portz Dorneles (UNIVATES)

O primeiro trabalho apresentado foi sobre Internet como alternativa para o engajamento cívico - Reflexões sobre o caso das ONGs.
O objetivo da pesquisa era saber como se dá a utilização e possibilidade de engajamento cívico na internet com auxílio das ONGs. O engajamento cívico foi definido como ligação ativa com os assuntos sociais, sendo de modo individual ou coletivo.
Das ONGs que participaram da pesquisa, 60% possuem espaço na rede. Dentre elas 20% não contam com rede ativa, 70% tem sites e desses 15% tem tanto o domínio .com e outros (blogs,orkut,twitter,facebook). Os demais, 30% tem blogs.
O espaço de interação nos sites é mínimo, se resumindo ao fale conosco e enquetes. Do conteúdo de divulgação, por volta de 93% se resume em informações institucionais.
A conclusão, segundo as pesquisadoras, não foi o que esperavam, pois o uso da internet não tem sido eficaz. Existem maiores possiblididades de divulgação e manutenção, que deveriam ser exploradas pelas ONGs. Já o engajamento cívico demonstra semelhança com o comportamento fora da rede, quem possui algum engajamento continua na internet e os demais tem um potencial ainda não explorado.

O segundo trabalho foi sobre Economia informal e legislação sobre bancas de jornais: urbanismo, urbanidade e disputas fraternas pelo uso do espaço público.
Na disputa por espaço público foi abordado o papel histórico, político e social das bancas de jornais e jornaleiros. Essa categoria, têm como início ligação íntima com mercadores na França do século XVII. Hoje, pode ser considerada uma categoria intermediária entre ambulantes e lojistas.
O período analisado é o do mandato de Chagas Freitas, César Maia e Conde. O suporte para o estudo são as legislações desse período. Nela, estão determinados o distanciamento entre bancas, entre lojas/bancas, as dimensões físicas/espaciais das mesmas.
A partir dai, surgiram questionamentos sobre poder de livre concorrência; a auto organização das bancas; a regulamentação por se inserir no campo da imprensa caberia a União e para o Município as normas de conduta.
Independente do questionamento de quem caberia a regulamentação a cobrança de valores materiais, cadastramento pelo Município, que é o atual regulador, garantem as bancas uma estabilidade geográfica para o comércio.
Outra questão abordada foi a publicidade nas bancas (laterais/fundo). As hipóteses levantadas foram a queda na venda de periódicos, que influenciam no rendimento e seriam repostos com essa prática; a lei contra poluição visual dos outdoors, levaria para as bancas uma possibilidade de divulgação de campanhas.

O terceiro trabalho sobre Cultura política e democratização da comunicação no Brasil, ainda estava em definição de conceitos e elaboração. O que pude extrair da apresentação foi que o governo Lula tentou conciliar os interesses entre os empresários e o social.

O quarto e último trabalho foi sobre Estratégias de marketing político por organizações partidárias interioranas.
A partir de uma pesquisa de opinião do IBGE onde a credibilidade política estava em último lugar, no juízo de valor dos entrevistados, surgiu a ideia de analisar como se articulam os partidos do interior do Rio Grande do Sul.
Ao que tudo indica os partidos localizados no interior tem características regionais, oposto ao que ocorre nas capitais. A maneira como são direcionados os períodos pré e pós campanhas seguem a personalidade do presidente em gestão. Por exemplo, onde o presidente vem da área do Direito os eventos de divulgação de propostas partidárias são chamados de doutrinação. Já outro realiza caravanas, churrasco e etc.
Nenhum deles possui um meio eletrônico de comunicação. E os outros meios midiáticos é clara uma despreocupação, que só tem uma pequena modificação nas épocas de campanhas onde dependendo do partido e seus membros pode contar com um espaço em programas de rádio,que tem maior apelo na região ou então polemizar assuntos para chamar atenção para si, que é o caso de um candidato do PTB.
As conclusões da análise foram:
  • falta de apoio dos diretórios de outras instâncias para o interior, ainda que seja pouco expressivo quantitativamente;
  • não cultuam a expansão da sua imagem, mesmo sabendo da importância da mesma;
  • diferenças de ações de marketing com o partido e determinados candidatos que tem maior apelo;
  • falta de acesso econômico dificultando maiores investimentos;
  • desarticulação entre partidos e mídia;
Mayara Caetano


Resenho do GT4 - Internet e Política , Por Carla Dias

Introdução à Comunicação Política

Professor: Afonso Albuquerque

Aluna: Carla Silveira Dias

Matrícula: 21049030

No GT4 - Internet e Política / Sessão 1: “Internet, campanhas eleitorais e instituições políticas” - assistido por mim, no IV Encontro da Associação Brasileira dos Pesquisadores de Comunicação e Política, realizado no dia 14 de abril de 2011, foram abordados diversos aspectos e pontos interessantes sobre a política na internet. Cito aqui os tópicos abordados:

1. As Campanhas invadem o Twitter: uma análise da performance dos três principais candidatos à presidência da república em 2010 no Brasil, por Camilo Aggio (UFBA).

2. O Twitter na campanha eleitoral de 2010, por Wilson Gomes (UFBA) et al.

3. O uso da internet pelos candidatos aos governos estaduais e ao senado federal nas eleições brasileiras de outubro de 2010, por Sérgio Braga (UFPR) et al.

4. Modelo organizacional de partidos políticos na internet: um estudo

sobre o partido dos trabalhadores, por Adriane Figueirola Martins (UFF).

O fator mais intrigante e interessante à minha pessoa foram as curiosidades estatísticas apresentadas neste GT. Fica claro e evidente que a interação entre política e internet foi atenuante e até mesmo eficaz nessa ultima eleição, sendo que, os principais candidatos ä presidência da república de 2010, passaram de chats e blogs pessoais, para campanhas maiores com a utilização das redes sociais (twitter, facebook, Orkut..)

Desta forma, o candidato não espera apenas ter lidos seus pensamentos e propostas, mas sim uma resposta de seus eleitores. Ele passa a ter à sua disposição diversas ferramentas e recursos midiáticos para se relacionar melhor com seus eleitores, abrindo assim novos caminhos e possibilidades de expor suas idéias e suas propostas com criatividade e enriquecimento. Atividade que, tempos atrás, não seria tão enriquecedora em outras mídias como, ocorre na internet, por diversos fatores como por exemplo o limite de tempo, preço, etc.

Outro fator interessante foi a descrição dos candidatos usuários do Twitter nas eleições de 2010. José Serra (PSDB) foi um dos primeiros a aderir ao Twitter e efetuava maiores tentativas de dedicar seu tempo à interagir com seus candidatos. Os candidatos Marina Silva (PV) e Dilma Rousseff (PT), também conectados ao Twitter, aplicavam esse espaço mais intensamente para informar seus eleitores do que está ocorrendo, em que cidades estarão ou para qual outra mídia será concedida entrevistas.

Wilson Gomes (UFBA) tratou do assunto com louvor. De acordo com Wilson, os candidatos contavam, obviamente, com seus assessores para se comunicarem no Twitter, mas, obviamente não devemos descartar a hipótese de que muitas vezes estavam presentes oferecendo suas próprias opiniões e pensamentos.

Enfim, concluo que inevitavelmente a internet e, inegavelmente, principalmente as redes sociais foram surpreendentemente mais utilizadas e de suma importância nas ultimas eleições para presidência. As redes sociais servem como expressão e os eleitores encontraram aí uma nova forma de se expressar e se relacionar com seu candidato. Estes encontram uma nova maneira se apresentar suas idéias e propostas à seus eleitores de forma funcional, dinâmica, obtendo, assim, um retorno surpreendente nas eleições 2010.

GT6 : Cultura política, comportamento e opinião pública


No GT6 primeira sessão(Opinião Pública e Comportamento Político)  de quinta feira, tivemos a apresentação dos tarabalhos de Anderson de Almeida Cano Ortiz (UERJ/FACHA) e Gustavo Venturi (USP).
O primeiro trabalho levou o título de “Opinião pública, enxames e contornos visíveis da esfera pública na Web”. Nele foram discutidos uma proposta metodológica que utiliza mais recursos de TI como os bancos de dados e softwares. Esses forneceriam um campo de dados para ser tratado, juntamento com informações e assim transformá-los em conhecimento. Como exemplo de prática, foi levantado a transformação de softwares auto organizados no MIT no caso de gripe suína no México. Com base na quantidade de pesquisas feitas em rede sobre gripe suína nessa região, poderia ser estimado e mapeado uma possível epidemia.
Ainda no campo de internet, foi discutido a perecividade das redes, que implicam em um não mapeamento eficaz dos movimentos; o potencial de acessibilidade com a telefonia móvel e seus gadgets, que permitem ao público maior tempo de conexão; os conceitos de esfera pública e privada, devido ao processo de rápida transformação, o que torna difícil delimitar onde acabaria um e começaria o outro.
No campo público, o conceito dado por enxame precisou ser redefinido, pois houve uma dúvida entre os que estavam presentes e o objetivo do pesquisador. A confusão se deu por conta da divergência de atribuição de valor, pois ficou a impressão de um movimento disperso. No entento, foi relembrado que em muitos movimentos históricos o frenesi foi capaz de agregar pessoas independente do seu real objetivo, para formar uma massa que gera mais impacto que um pequeno grupo realmente engajado. Os desdobramentos desse movimento se dão após uma “desordem”.
O segundo trabalho apresentado levou o título de “Dilma presidenta: gênero, religião e valores morais em disputa na sucessão de Lula”. Nele foram expostos dados de pesquisas realizadas no ano eleitoral de 2010 e o acesso a internet como forma de acessar conteúdo eleitoral, por parte do público feminino.
Os dados relativos ao acesso à internet e público feminino foram:
  • o contato com produtos tecnológicos teve aumento de 30%;
  • o aumento do uso frequente de tecnologias fez triplicar o uso frequente da internet, que passa a resumir a finalidade do instrumento;
  • com o uso da rede a população pode se informar mais sobre os candidatos, propostas de cada um e do partido;
  • com o maior acesso os meios tradicionais (rádio, impresso e televisão) tiveram queda;
O período de uso da rede para ambos os sexos, na disseminação de informações é o do horário do trabalho, devido a facilidade de conexão, tempo disponível entre tarefas e o meio de trabalho.
Sobre intenção de voto para Dilma de homens e mulheres:
  • um dos motivos mais representativos foi a crença na continuidade da política de governo, indicação/aprovação do presidente anterior, E no caso das mulheres, uma indentificação de gênero que beira, ao meu ver, um esteriótipo.
Os temas morais e religiosos vs intenção de votos vs gênero:
  • ambos aceitariam que seu representante fosse negro ou mulher;
  • a homofoia foi mais tolerada entre as mulheres e teve certa reprovação pelos homens;
  • ambos demonstram expressiva rejeição se o candidato(a) pertencesse a alguma religião afro; a favor da legalização da maconha; a favor do aborto; não acreditar em Deus.
Conclusão:
  • em uma pesquisa realizada, americanos, alemães, brasileiros, ingleses e franceses deveriam se classificar politicamente, considerando 0 esquerda e 10 direita. No resultado, ficamos em segundo lugar, perdendo para americanos, em classificação de direita e mais conservadores.
  • o partido trabalhista (PT), teve queda de influência no Sul e aumento no Nordeste após os escândalos no governo. Porém, podemos dizer que no fim, o partido não chegou a perder a credibilidade com seu eleitor.


Mayara Caetano


GT 9 - Propaganda e marketing político (Raquel Ramos)

GT 9: Propaganda e marketing político

>> A música na propaganda eleitoral

O primeiro trabalho apresentado a música na propaganda eleitoral e os jingles. Os jingles têm como função passar a mensagem de maneira simples e emotiva reforçando os pontos fortes do candidato e suas propostas. Por serem curtas e na maioria das vezes marchinhas, são fixadas na mente de maneira mais eficaz. Essa relação entre a música e a política no Brasil existe antes mesmo da República, na composição do nosso primeiro Hino Nacional. Os elementos retóricos passam pela divisão que oscilam entre a emoção e o pragmatismo. Uma estratégia interessante do jingle apresentada por ele foi a questão de não ser nema favor nem contra o governo com a intenção de ganhar a simpatia do maior número de eleitores possível.

>> Campanha eleitoral no jornal impresso

Esse trabalho foi cunhado na posição do jornal impresso diante do protagonismo das mídias eletrônicas. A publicidade no impresso tem como estratégia institucionalizar a candidatura, registrar a identidade da campanha e ampliar a base de votos. No que se refere a diagramção do jornal, a pesquisa constatou que os candidatos não se importam em que lugar da página estarão suas imagens. Por fim, ficou constatado que o jornal impresso tem relevância na última semana antes das eleições. Como forma palpável de gravar os números dos candidatos. Pois sempre vêm aqueles cartõezinhos com os números já escritos.

>> O funcionalismo no marketing político

O trabalho se baseou em 3 hipóteses. Manipulação, persuasão e função. A palestrante deixou claro que essas três hipóteses são fundamentais para o sucesso do marketing público.
O marketing eleitoral tem a ver com a conquista que reune forma e a convicção obstinada da paixão e astúcia. Uma estratégia de guerra.
O marketing governamental já é mais frio e calculista. Pois o terreno já foi conquistado. Em seguida, entra em cena o discurso eleitoral que é carregado de símbolos e interesses. O discurso é responsável por cumprir o papel determinante na mudança cotidiana de produção e reprodução do espaço, interferindo no comportamento dos agentes intervenientes nessa dinâmica e exibindo suas decisões.
Resumindo, não tem como falar de marketing sem a ideia das três hipóteses.


>> A utilização dos gimmicks na comunicação política: por que humanizar quem já é humano?

O trabalho teve a intenção de complexificar a utilização de mascotes nas figuras públicas. Chegando a conclusão de que como a política brasileira é algo insosso e desqualificado socialmente, esses mascotes têm a incubência de criar uma sensação de proximidade e quebrar a monotonia rehumanizando quem já é humano.




Resenha do GT3 do IV Encontro da Associação Brasileira dos Pesquisadores de Comunicação e Política, por Marcela Miranda

No GT3 - Comunicação Institucional e Imagem Pública, do IV Encontro da Associação Brasileira dos Pesquisadores de Comunicação e Política no dia 14 de abril de 2011, foram exibidos quatro trabalhos na 1ª sessão “Campanhas Eleitorais e Imagem Pública”:
O primeiro deles foi Eleições, Pesquisas e Estratégias de Marketing: a campanha eleitoral de Micarla de Sousa em Natal (2008), exposto por Emmanuel de Sousa Campos (UFRN) que analisou as estratégias de marketing no Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral da candidata já mencionada e destacou o uso feito por Micarla, da imprensa que solidificou sua imagem pública através de entrevistas em programas de televisão da emissora do pai, sempre voltada para populares e jovens, onde enfatizava assuntos como saúde e segurança pública e utilizava a imagem da mulher como perfil da campanha. Sua filiação com João Ivan foi essencial para atingir o setor médio da sociedade.

O segundo trabalho foi apresentado por Luciana Panke (UFPR), Lucas Gandin (UFPR), Taiana Bubniak (UFPR) e Tiago César Galvão (UFPR) com o título de “O que os candidatos à Presidência do Brasil falaram nos programas do HGPE, nas últimas eleições?”. Expuseram a primeira fase das pesquisas do seu trabalho, que tem como objetivo ver as marcas e o poder de persuasão dos candidatos. Focaram no Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral do primeiro turno das eleições de 2010, pois acreditam que é o meio que mais atinge o público, já que a televisão é o veículo de massa mais procurado. Elencaram categorias para classificar as campanhas dos candidatos como, por exemplo, a duração dos programas, os assuntos mais e menos abordados e as características mais marcantes, como a presença de ironias, discursos mais pragmáticos ou emocionais.

O terceiro trabalho intitulado Mídia e política: a construção da candidatura de Aécio Neves como presidenciável em 2010, por Érica Anita Baptista Silva, que analisou as prévias para a escolha do candidato a presidência do PSDB e as posições tomadas pelo Jornal Estado de Minas diante da preferência do candidato Aécio Neves através da comparação feita por esse meio de comunicação, com o avô Tancredo Neves pelas habilidades políticas em comum, destacando-se as qualidades diferenciadas do candidato José Serra. Apontou as mudanças de sentido nos discursos da 1º e 2º edição online, exemplificando com amostras de jornais.

A quarta apresentação foi feita por Rogério Ferreira Silva (IFBA) com o titulo de As representações sociais de Heloísa Helena no Roda Viva – TV Cultura nas eleições presidenciais de 2006.
Ele analisou a entrevista dada em 12 de junho de 2006, anterior à campanha eleitoral que durou 1 hora e 40 minutos e destacou o formato da entrevista que permitiu o desenvolvimento da candidata do PSOL e elencou os assuntos abordados como, por exemplo, o modelo de desenvolvimento econômico e social, a corrupção, o programa do partido e do governo, a governabilidade.
Ao final de cada trabalho eram abertas as discussões e questões para os presentes e o orientador Rudimar Baldissera – UFRGS emitia algumas considerações.